Autor: Lusa/AO Online
“A política regional de inclusão está deficiente, porque não está a ouvir as pessoas que precisam de ser incluídas. Os apoios que precisam não são subsídios. Precisa-se deles, sim, mas acima de tudo de ouvir as pessoas, perceber o que precisam”, declarou Micaela Rodrigues.
Para Micaela Rodrigues, enquanto se "atribuir subsídios ao desbarato e não houver a preocupação de ouvir as associações, porque são quem lida diretamente com as pessoas", os cidadãos portadores de deficiência acabam por "não querer votar", porque não acreditam "em quem se está a pôr no poder”, acrescentou.
A portadora de paralisia cerebral, que com Mário Fernandes, cabeça de lista pela ilha de São Miguel do Aliança/Açores, promoveu um roteiro para auscultar as associações representativas dos portadoras de deficiência, apesar da sua situação, afirma que “não tinha noção que o incluir está tão pequenino”.
“O pequenino que eu falo não é do número de letras que leva a palavra incluir mas no que é preciso fazer para se incluir, de facto. Votar ainda é uma complicação tremenda para qualquer pessoa que tenha qualquer tipo de problema nesta ilha. Mas não tinha a noção de uma pessoa cega só pode votar se se fizer acompanhar por alguém da sua confiança, o que é assassinar a liberdade das pessoas”, afirma a mandatária regional.
O Aliança/Açores, que suspendeu a sua ação de rua, optando pela via 'online', dedicou o décimo primeiro dia de campanha eleitoral para as legislativas regionais de domingo à apresentação das conclusões do Roteiro para a Inclusão, em Ponta Delgada.
Considerando que a “votar é um direito de toda a gente” e que “a inclusão começa aí”, Micaela Rodrigues questiona-se sobre “porque é que quem está a governar agora não ouve" as associações representativas dos portadores de deficiência.
A portadora de paralisia cerebral adianta que há exclusão “no dia a dia”, apontando o exemplo de uma simples ida ao multibanco, não havendo na sua zona de residência uma caixa com acesso a cadeiras de rodas.
As legislativas dos Açores decorrem com 13 forças políticas candidatas aos 57 lugares da Assembleia Legislativa: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU, PPM, Iniciativa Liberal, Livre, PAN, Chega, Aliança, MPT e PCTP/MRPP.
No arquipélago, onde o PS governa há 24 anos, existe um círculo por cada uma das nove ilhas e um círculo de compensação, que reúne os votos não aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.