Açoriano Oriental
Luso-americanos em New Bedford querem redescobrir raízes portuguesas, diz cônsul de Portugal

A cônsul-geral de Portugal em New Bedford, Estados Unidos, Shelley Pires, considera que a tradição portuguesa, apesar de ser muito antiga na cidade, continua viva porque os luso-americanos estão a “redescobrir as raízes portuguesas”.

 Luso-americanos em New Bedford querem redescobrir raízes portuguesas, diz cônsul de Portugal

Autor: AO Online/ Lusa

Em entrevista à agência Lusa, Shelley Pires disse que depois de três vagas de imigração portuguesa nos séculos XIX e XX, os lusodescendentes de terceira ou quarta geração procuram os serviços consulares para conhecerem as raízes portuguesas.

Os últimos censos norte-americanos indicavam que vivem 300 mil habitantes de origem portuguesa no Estado de Massachusetts, na costa leste dos EUA, dos quais metade moram no condado de Bristol (área administrativa que inclui New Bedford). No entanto, a cônsul tem conhecimento de que é provável que existam números maiores de lusodescendentes não registados.

A cônsul portuguesa acrescentou que atualmente não se está a notar imigração nova para New Bedford, mas sente-se o “redescobrir das raízes portuguesas” pelos lusodescendentes nascidos na América.

“O que eu vejo no consulado é o redescobrir das raízes portuguesas. São as terceiras e quartas gerações que procuram os serviços consulares para ou adquirirem a nacionalidade portuguesa ou a transmitirem aos seus filhos”, disse a diplomata.

A somar aos luso-americanos que perderam o vínculo à nacionalidade portuguesa, alguns procuram restabelecer as raízes lusas através da “legislação dos avós”, que permite adquirir a nacionalidade através dos avós.

Associações culturais ou profissionais, museus, restaurantes e eventos de cariz português em New Bedford procuram enfatizar as origens destes luso-americanos, mesmo que muitos não saibam falar português ou nunca tenham visitado Portugal.

O sentido de pertencer a Portugal ainda se mantém nos americanos que são portugueses de quarta geração e isso tem a ver com a vivência familiar.

“Começa em casa, sem dúvida nenhuma”, comentou a cônsul.

A representante do governo português sublinhou que New Bedford “é uma zona muito peculiar” pela concentração numérica de pessoas com raízes portuguesas.

“Mesmo que o contexto familiar de uma pessoa seja menos forte na transmissão de tradições ou memórias, há amigos, há vizinhos…” explicou Shelley Pires.

“Esse contacto normal faz o despertar da curiosidade, passa por uma viagem, passa por uma visita. [Os luso-americanos] Vêm pedir informações, vão aos arquivos Ferreira Mendes da Universidade de Dartmouth, que tem um acervo importante para pesquisa genealógica, apaixonam-se pela história dos seus antepassados”, salientou.

Um elemento importante para a manutenção do património português é a educação: as crianças e jovens podem ter aulas de português num grande número de escolas da rede pública, mas também em escolas católicas e em escolas comunitárias.

Segundo a cônsul, existem três escolas portuguesas comunitárias na jurisdição do Consulado de New Bedford: uma em Fall River, outra em Tauton, com cerca de 50 alunos e uma terceira em New Bedford, quase a chegar aos 200 alunos.

Segundo a cônsul, os portugueses estabelecidos em New Bedford estão em qualquer tipo de profissão, sejam advogados, professores, floristas, cozinheiros, padeiros, autarcas, empresários, banqueiros, comerciantes.

Também as empresas montadas por luso-americanos são de vários domínios: restauração, mercearia, produção e distribuição de vinho, empresas de destruição de lixo, produção metalomecânica e muito mais.

A imigração portuguesa nesta área teve três vagas, começando a enraizar-se nos finais do século XIX, com um crescimento nos anos 1920 e por último nos anos 1960, que provocou reunificação familiar e aumentou o número de portugueses de maneira mais significativa.

A génese da primeira vaga de imigrantes era a caça à baleia, principalmente dos Açores.



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