Autor: Lusa/AO Online
“Não molestei ninguém”, afirmou hoje o arguido ao tribunal dos juízos criminais do Porto, onde se encontra a ser julgado pelos crimes de resistência e coacção, acrescentando que toda a acusação “é surreal”.
Os factos remontam a 12 de Outubro de 2005 quando, junto ao Estádio do Dragão, Porto, elementos da PSP abordaram dois indivíduos (Adriano S., agora com 80 anos, e Bruno M., de 28, também arguidos no processo) por suspeitarem que estes estavam a proceder à venda ilícita de bilhetes para o jogo FC Porto - SL Benfica que iria realizar-se quatro dias depois.
Segundo a acusação, os indivíduos já estariam dentro do carro da PSP, para serem transportados para a esquadra, quando Fernando Madureira, Hélder M. e António O. (também membros da claque) se aproximaram, alegadamente para impedir a actuação dos agentes.
O grupo, cujos restantes elementos não foi possível identificar, terá rodeado, empurrado e agarrado os polícias, além de desferir murros e palmadas na viatura policial, acabando Adriano S. por conseguir sair da viatura.
Durante a sessão de hoje do julgamento, Madureira contou que estava no local quando se apercebeu de algum “burburinho” que envolvia agentes policiais e o seu amigo Bruno M.
Aproximou-se então do grupo, tentando acalmar os ânimos, mas “nada” fez para impedir a detenção.
Mais tarde deslocou-se à esquadra da Corujeira, para onde Bruno M. tinha sido encaminhado, a fim de esclarecer o que se tinha passado, apercebendo-se só então que o alegado vendedor de bilhetes tinha sido também detido.
“Só ouvi o nome de Adriano um ano mais tarde quando fui chamado à esquadra por causa deste processo”, salientou o arguido que desconhecia estar a ser acusado por ter impedido a actuação da polícia.
Também António O. prestou hoje declarações ao tribunal, afirmando “não ser verdade” que tenha estado implicado nos factos que constam da acusação.
Admitiu ter assistido ao “aparato policial e confusão” gerados no dia da ocorrência, frisando porém que não se aproximou do local.
Em sessão anterior Adriano e Bruno, julgados pelo crime de especulação, negaram que se dedicassem ao comércio ilegal de bilhetes.
O vendedor explicou que apenas comercializava revistas, bonecos e adereços do FC Porto e que naquele dia Bruno (que por ser chefe de núcleo dos Super Dragões tinha na sua posse 16 bilhetes para venda) lhe entregou dois ingressos “para despachar”.
A venda terá corrido mal porque Adriano acabou por abordar elementos que se mostraram ser polícias à paisana.
O julgamento prossegue a 18 de Novembro, pelas 14:00, nos juízos criminais do Porto.