Açoriano Oriental
Inclusão social
Kairós e Cáritas criam programa para jovens excluídos
Saem das escolas com quinze anos feitos, mas sem o nono ano completo e sem esperança no futuro. À sua espera têm apenas a rua ou empregos precários – um futuro de exclusão.
Kairós e Cáritas criam programa para jovens excluídos

Autor: Paula Gouveia
Mas há quem esteja já a trabalhar no sentido de lhes oferecer uma oportunidade, um caminho alternativo. Há dois anos, a Kairós e a Cáritas dos Açores identificaram o problema. “Estavam cada vez mais jovens na rua, desocupados e sem possibilidade de terem sequer contratos de trabalho”, lembra Ana Martins, coordenadora técnico-pedagógica dos cursos ITINERIS da Kairós. A instituição trabalhava, na altura com as turmas do Programa Oportunidade da Direcção Regional da Educação, na Escola dos Arrifes. Mas depressa percebeu que não estava a ser dada uma resposta adequada a alunos com um perfil mais problemático. Assim, decidiu fazer, no âmbito da iniciativa comunitária do Fundo Social Europeu do Programa EQUAL, um estudo de diagnóstico. E as suspeitas confirmaram-se: “existem muitos jovens na Região sem uma resposta adequada para a sua vida futura em termos profissionais e sociais”.
O estudo, realizado em 2005, abrangeu apenas as ilhas Terceira e São Miguel, mas identificou 926 jovens em situação de exclusão. Jovens sem a escolaridade obrigatória completa, com um perfil de absentismo e de insucesso escolar agravado, sem gosto pela escola e que, tal como as suas próprias famílias, não valorizam a formação escolar e profissional, estando mesmo alguns deles identificados pelos sistemas de acção social, saúde mental, protecção e justiça. Tendo por base os elementos reunidos, a Cáritas e Kairós apresentaram uma candidatura ao programa EQUAL, para implementação de um plano de intervenção junto de jovens com o perfil referido – o que aconteceu nos últimos dois anos, com a cooperação do Instituto de Acção Social (IAS) e da Direcção Regional da Educação.
Agora, como reconhecimento das vantagens do projecto, foi criado, por Portaria do secretário regional da Educação e Ciência, e mediante proposta do IAS, da Kairós, Cáritas e Direcção Geral de Reinserção Social, o programa ITINERIS que, à semelhança do PROFIJ, tem como objectivo promover uma educação inclusiva e a diversificação curricular do ensino básico, mas com uma diferença: desenvolve-se em ambiente não escolar. A ideia diz, Ana Martins, é disseminar as práticas implementadas no âmbito de um projecto que tem dado bons frutos: permite a certificação escolar, a integração profissional, mas também a socialização de jovens com graves problemas familiares e pessoais.
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