Açoriano Oriental
Doença Celíaca
Instituto Ricardo Jorge quer alertar para melhor rotulagem sobre glúten
O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) defende que a indústria alimentar deve efectuar uma melhor rotulagem e controlo dos produtos com glúten, proteína na origem da doença celíaca, que afecta um número indeterminado de portugueses.

Autor: Lusa/AOonline
Esse é um dos principais objectivos do seminário "Glúten e Segurança Alimentar", que se realiza terça-feira em Lisboa, referiu à Lusa a investigadora do INSA Marina Pité.

    O seminário destina-se igualmente a alertar a Direcção Geral de Saúde (DGS) e a Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE) para a necessidade de um maior controlo, cujos níveis actuais, disse, são insuficientes.

    De acordo com a investigadora "a indústria usa abusivamente o termo ´pode conter glúten´ nos seus alimentos", restringindo a oferta dos produtos.

    Para evitar esta situação, Marina Pité considera que deveriam ser feitas mais análises aos alimentos, para que os rótulos possam conter uma informação mais precisa.

    Alerta também que há produtos que naturalmente não têm glúten mas que "apresentam por vezes contaminações elevadas desta proteína", nomeadamente farinhas de trigo e arroz.

    A investigadora notou também que escasseiam em Portugal serviços, existentes noutros países, como as refeições sem glúten em restaurantes, serviços de catering e redes de hotéis ou pousadas.

    "Também não conheço em Portugal nenhuma escola com almoços que integrem dietas sem glúten", afirmou.

    A investigadora defende também mais legislação, esclarecendo que a indústria não especializada só voluntariamente faz análises com o intuito de discriminar os níveis de glúten.

    Lamenta também a falta de legislação que limite os valores de glúten admitidos em cada alimento, ressalvando que há apenas uma recomendação.

    A prevalência de doença celíaca em Portugal é desconhecida, estimando Marina Pité que ela afecte cerca de oito mil pessoas.

    No entanto, dados da Associação Portuguesa de Celíacos indicam que poderá haver em Portugal cerca de 100 mil casos, diferença explicada pelo facto de, na sua opinião, se tratar de uma doença sub-diagnosticada.

    Os índices europeus variam entre um caso em cada 200 pessoas a um caso para 400 pessoas.

    O programa do seminário a realizar terça-feira está dividido em três painéis: Introdução ao Glúten e à Doença Celíaca, Glúten e Segurança Alimentar nos sectores da Produção e Distribuição de Alimentos e Fiscalização e Controlo de alimentos sem glúten.

    Além da indústria, o seminário destina-se a distribuidores alimentares, restauração, empresas de serviços na área da segurança alimentar e entidades reguladoras.

    O glúten consiste em proteínas presentes no trigo, centeio, cevada e aveia e suas variedades cruzadas, sendo que o consumo destas proteínas pode desencadear a doença celíaca em indivíduos susceptíveis.

    A doença celíaca é uma das principais doenças gastrointestinais na Europa, sendo que o tratamento consiste na adesão a uma dieta isenta de glúten, de acordo com informação do INSA.
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