Autor: LUSA/AO online
“Este modelo de monitorização foi desenvolvido e será executado por duas entidades do Governo dos Açores, a Direção Regional do Ambiente e o Laboratório Regional de Engenharia Civil, e vai permitir monitorizar a deformação profunda e superficial do solo e a pressão de água que atua ao nível dos planos de rotura aqui na Fajãzinha, recorrendo a diversos métodos, como por exemplo, os topográficos, os geotécnicos e os hidrológicos”, explicou a secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo, Marta Guerreiro.
A freguesia da Fajãzinha, no concelho das Lajes das Flores, encontra-se inserida numa grande plataforma com declives na ordem dos 07 a 20 graus, limitada por uma imponente escarpa de declives verticais e subverticais que atinge a cota máxima de 653 metros e raramente desce abaixo dos 350 metros.
Ao longo dos anos tem-se verificado nesta freguesia a ocorrência de um fenómeno natural – movimento de vertente - que se traduz em deformações visíveis nas construções e pavimentos, bem como roturas em tubagens de canalizações.
Marta Guerreiro considerou que medidas como esta rede “dotam o Governo dos Açores de mecanismos de avaliação e acompanhamento da evolução da perigosidade geomorfológica, salvaguardando, sempre, e em primeira instância, a segurança de todos os açorianos e dos respetivos bens”.
“São medidas como esta que nos permitem atuar no campo da prevenção, com acesso a informações fundamentais no apoio à tomada de decisão e, consequentemente, contribuir para a mitigação dos riscos naturais associados”, adiantou a governante.
A rede hoje apresentada integra um Sistema de Monitorização das Zonas de Risco dos Açores, denominado “AZMONIRISK”, que possibilita “um trabalho profundo nas principais áreas vulneráveis do arquipélago, identificadas como instáveis e com necessidade de monitorização, para já, nas ilhas de Santa Maria e das Flores e, a prazo, em São Miguel, no Pico e em São Jorge”, adiantou Marta Guerreiro.
“A importância deste sistema, onde se inclui o projeto da Fajãzinha, decorre do reconhecimento do papel preponderante que os movimentos de vertentes, enquanto perigo geológico, têm no território açoriano, por vezes com consequências dramáticas, no que respeita à perda de vidas humanas, para além dos bens económicos, culturais e sociais”, observou ainda.
A rede geodésica, cuja conclusão está prevista para sexta-feira, contempla uma estação total de alta precisão recetora de dados de 29 alvos refletores distribuídos pela freguesia, que vai integrar medições pontuais.
Quanto à rede geotécnica e hidrológica, cuja instalação ainda não tem data, vai fazer leituras permanentes.
Para Marta Guerreiro, com este projeto para a Fajãzinha, o executivo açoriano pretende “desenvolver um sistema de informação e de apoio à monitorização e gestão do território, em especial das zonas identificadas como instáveis”, assim como “aumentar o conhecimento da evolução das situações de risco, de modo a contemplá-las nos processos de planeamento”.
Acresce a avaliação dos “locais identificados como instáveis com vista ao apoio à tomada de decisão, bem como à mitigação dos riscos” e “aumentar a capacitação das entidades públicas com responsabilidades na prevenção, adaptação e gestão de ocorrências de movimentos de vertente”, referiu a responsável.