Açoriano Oriental
Indústria do leite reclama "medidas de longo prazo" para o setor
O diretor-geral da Associação Nacional dos Industriais de Laticínios (ANIL) afirmou que a indústria não se sente "muito confortável" com os apoios ao setor hoje anunciados por Bruxelas e defendeu a necessidade de medidas de longo prazo

Autor: LUSA/AO online

"Não há nenhuma medida efetivamente estruturante, que esteja a olhar para a fileira numa pespetiva de médio e longo prazo. Estamos a tentar resolver um assunto hoje e a tentar arranjar medidas, à semelhança do que se fez no passado, para resolver este problema hoje, mas ele amanhã permanece”, considerou Paulo Costa Leite.

O responsável defendeu, por isso, que era “urgente, ao nível da Comissão que se repensasse todo o setor leiteiro” (…) para que as medidas “possam ir além da sua vigência”, já que estas se esgotam rapidamente no tempo.

“Temos falado sempre das causas próximas desta crise, para além de o fim das quotas leiteiras, o problema [do embargo] russo, o problema da China e o problema da produção mundial que está a aumentar em todos os países e não se vê que a situação de fundo esteja realmente a ser tratada e pensada”, acrescentou.

Portugal vai receber 4,8 milhões de euros de ajudas para apoiar o setor do leite e produtos lácteos, de um total de 420 milhões distribuídos por todos os Estados-membros, foi hoje divulgado em Bruxelas.

O comissário da Agricultura, Phil Hogan, anunciou ainda o aumento do nível de ajuda à armazenagem privada do leite em pó desnatado “em mais de 100%”, de modo a tornar o regime mais eficaz na redução da pressão no lado da oferta, e a possibilidade de antecipar 70% dos pagamentos diretos aos produtores, a partir de 16 de outubro.

Para Paulo Costa Leite, os 4,8 milhões de euros, pouco superiores aos que Portugal obteve durante a crise de 2008/2009, “são valores que se forem refletidos nas ajudas à produção facilmente ficarão muito encurtados” e falta saber quais são as prioridades do Governo.

Já no que diz respeito à armazenagem privada “será um instrumento a ser revisto pela indústria, no sentido de apurar se efetivamente vale a pena recorrer”, já que não é tradicionalmente usado pelos operadores nacionais.

O responsável da ANIL sublinhou que a indústria “está a ser fortemente penalizada” pelo esforço financeiro que tem feito na recolha do leite, salientado que “não houve um único litro de leite que fosse para o esgoto” em Portugal.

“A indústria fez muito esforço para recolher todo o leite, tem o leite dentro de portas, em forma de leite em pó e manteiga e está com problemas de escoamento”, com “preços de intervenção que não são suficientemente aliciantes, ou melhor compensadores para que a indústria se sinta muito confortável com este conjunto de ajudas que agora estão anunciadas”, vincou.

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