Açoriano Oriental
Incineradora de resíduos da ilha Terceira concluída em 2015
Apesar da contestação do BE e da Quercus, a central de valorização energética de resíduos, por incineração, da ilha Terceira, já tem 75% da parte de construção civil concluída e deverá entrar em funcionamento ainda em 2015.
Incineradora de resíduos da ilha Terceira concluída em 2015

Autor: Lusa/AO Online

 

A obra, que arrancou no final da primavera deste ano, "terá de estar impreterivelmente concluída até setembro ou outubro de 2015", adiantou Paulo Monjardino, presidente do conselho de administração da Teramb - Empresa Municipal de Gestão e Valorização Ambiental da Ilha Terceira.

De acordo com o responsável pela empresa intermunicipal, das autarquias de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, as obras estão a decorrer em "bom ritmo" e a parte de construção civil já está 75% concluída, faltando depois a parte mecânica, até porque a central "terá que estar a funcionar em 2015".

A central, que tem uma capacidade de processamento de 40 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano, deverá produzir energia para cerca de 10% do consumo da ilha.

"Esta central, em termos líquidos, deverá produzir qualquer coisa na ordem dos 1,8 ou 1,9 megawats, não só descontando o que ela autoconsome como central, mas também os próprios autoconsumos deste espaço", frisou Paulo Monjardino.

A obra cofinanciada por fundos europeus, ainda dentro do anterior quadro comunitário, tem um custo total de 36 milhões de euros.

Para além de valorizar resíduos que teriam como destino um aterro, a Teramb pretende também tratar resíduos de outras ilhas dos grupos central e ocidental, com as Flores, que já envia lixo para a Terceira, bem como limpar, aos poucos, o aterro da ilha.

"Temos um passivo ambiental aqui na ordem de um milhão de toneladas. Não vamos ter a veleidade de assumir que vamos limpar tudo, vamos limpar o máximo que podermos", salientou o administrador da Teramb.

Em maio deste ano, a associação ambientalista Quercus apresentou uma queixa à Comissão Europeia (CE) contra o projeto, alegando incumprimento de diretivas europeias.

A Quercus defendia a suspensão do financiamento do projeto, salientando que a central previa a incineração dos resíduos em bruto e que, por isso, não seriam cumpridas as metas de reciclagem de 50% dos materiais recicláveis até 2020.

Rui Berkemeier, da direção da Quercus, disse ainda não ter obtido uma resposta da CE, nem sobre esta queixa, nem sobre outras contra a incineradora prevista para a ilha de São Miguel.

"Já pedimos a deputados europeus para questionarem a Comissão Europeia sobre esta matéria", adiantou, acrescentando que a Quercus vai continuar a "insistir".

A Quercus também já enviou cartas ao Governo Regional dos Açores e garante que continua sem ter acesso a um documento que explique como é que as metas de reciclagem serão cumpridas.

Paulo Monjardino garantiu, no entanto, que "as metas têm de ser cumpridas", considerando que o projeto da incineradora "não conflitua com isso", pelo contrário, "complementa".

"A Teramb tem responsabilidade de assegurar a interligação entre todos os atores na área para que se atinjam um conjunto de metas relativamente à reciclagem", frisou, admitindo que "há um longo percurso a percorrer".

Atualmente, dependendo da fileira, a ilha Terceira recicla entre 15 a 20 por cento dos materiais recicláveis, mas até 2020 tem de aumentar essa percentagem para 50%.

A Quercus defendia a alternativa do Tratamento Mecânico e Biológico (TMB), mas segundo Paulo Monjardino esta solução não resolveria "o problema do passivo ambiental" e obrigaria à construção de novas bolsas de aterro, enquanto que com a central de valorização energética são necessárias apenas duas para os próximos 30 anos, uma para as escórias e outra para as cinzas.

"Esse sistema vai emitir gases para a atmosfera, mas cuja limpeza e monitorização são asseguradas permanentemente", frisou, lembrando que o projeto foi "objeto de um estudo de impacto ambiental, que depois foi reavaliado numa fase já recente, anterior à licença da obra".

O plano regional de tratamento de resíduos urbanos dos Açores prevê duas incineradoras, na Terceira e em São Miguel.

Na semana passada, os municípios de São Miguel avançaram com o concurso para a construção da respetiva central de valorização energética (que consiste na produção de energia através da incineração do lixo).

Às críticas da Quercus, os municípios de São Miguel responderam com a existência de mais de 472 incineradoras na Europa, sublinhando tratar-se de uma tecnologia "experimentada" que garante emissões de gases sempre "muito" abaixo dos tetos estabelecidos na legislação.

Também o Governo dos Açores tem negado o incumprimento das diretivas europeias. Segundo afirmou no ano passado o diretor regional do Ambiente, quando foram conhecidas as queixas da Quercus em relação à central de São Miguel, o projeto foi redimensionado, em relação ao estudo prévio, justamente no sentido de garantir o respeito pelas metas estabelecidas a nível europeu, tendo sido dado conhecimento disso à associação ambientalista.

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