Açoriano Oriental
Hora muda na próxima madrugada
À 01h00 da próxima madrugada nos Açores os relógios atrasam 60 minutos para entrarem na chamada “hora de Inverno”.

Autor: Lusa/AO
"A hora muda a nível europeu por decreto de lei sendo alterada no mesmo instante em todos os países membros da UE", recordou à agência Lusa o subdirector do Observatório Astronómico de Lisboa, Rui Agostinho.
A Comunidade Europeia faz estudos regulares para escutar os pareceres de todos os países, no sentido de verificar os indicadores mais e menos benéficos da mudança de hora.
"Chegou-se à conclusão que a mudança de hora era a opção mais favorável, para as actividades económicas e para o próprio bem-estar das pessoas", referiu Rui Agostinho.
Para Rui Agostinho, as decisões desenvolvem-se em torno da necessidade "de se aproveitar o melhor possível a luz nas actividades num modo geral", uma vez que "há muitas actividades, nomeadamente a Agricultura, que dependem muito da luz solar para trabalhar".
Ao contrário do que muitas vezes é dito, segundo Rui Agostinho, a mudança da hora prende-se com a necessidade de "não haver desfasamento solar" e "não com questões económicas".
Para além disso, há a sensação de que há a necessidade de acender as luzes mais cedo e usar mais tempo a luz artificial.
No entanto, segundo a EDP, "a mudança da hora não trás vantagens nem inconvenientes" para os consumos, porque "não se verificam alterações de consumos na casa dos portugueses, nem na iluminação pública, porque é comandada por célula fotoeléctrica".
Um estudo divulgado na passada quarta-feira pela revista Current Biology revelou que a mudança da hora legal, que acontece na próxima madrugada, pode ter efeitos prejudiciais na saúde a longo prazo, porque o ritmo biológico não se ajusta imediatamente.
O estudo sugere que esta regular mudança de hora, praticada por cerca de um quarto da população mundial, representa uma significativa interrupção sazonal que pode ter efeitos em outros aspectos da fisiologia humana.
Por outro lado, a especialista em Medicina do Sono e neurologista portuguesa Teresa Paiva desvaloriza o impacto da mudança de hora no organismo humano, afirmando que "bastam 48 horas para o corpo, biologicamente, se adaptar à nova realidade".
"O mau estar nos primeiros dias após a mudança de hora é normal, porque as pessoas estão a habituar-se às diferenças de luz", explicou a especialista.
Já a especialista do sono Marta Gonçalves é da opinião que estas alterações são "como viver um jetlag, porque há uma descoordenação de hábitos".
Para o autor do estudo Till Roenneberg, da Universidade Ludwig-Maximilian em Munique, na Alemanha, "quando implementamos pequenas mudanças no sistema biológico que por si só parecem triviais, os seus efeitos, quando vistos num contexto mais vasto, podem ter um impacto muito maior do que tínhamos pensado".
"É muito cedo para dizer se a mudança da hora tem sérios efeitos na saúde a longo prazo, mas os nossos resultados indicam que devemos considerar esta hipótese seriamente e fazer muito mais pesquisas" sobre a adaptação dos indivíduos a esta mudança, acrescentou.
A equipa fez um vasto estudo que examinou os padrões de sono de cerca de 55.000 pessoas na Europa central e concluiu que o tempo biológico de dormir segue a progressão natural do amanhecer, segundo um tempo padrão que não é o estabelecido pela mudança legal da hora.
Num segundo estudo, foi analisado em 50 pessoas o tempo de sono e de actividade durante as oito semanas que seguem cada uma das duas mudanças de hora, na Primavera e no Outono, levando em conta as preferências de cada relógio biológico individual, ou 'cronotipos', das primeiras horas do dia ao horário nocturno.
Neste caso descobriram que os níveis de actividade e de sono se ajustam mais rapidamente à mudança da hora no Outono e que, ao início, o tempo em que o organismo está activo não se ajusta à mudança da hora na Primavera, especialmente naqueles que gostam de estar acordados até tarde antes de ir para a cama.
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