Autor: Lusa/AO online
"Não há razão para estas preocupações por parte da Ordem dos Médicos porque os administrativos da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC) não têm acesso ao processo clínico das pessoas", frisou Miguel Correia, em declarações aos jornalistas no final de uma visita ao 'call center' daquela rede em Angra do Heroísmo, na Terceira.
O presidente da Ordem dos Médicos nos Açores, Jorge Santos, disse hoje à Lusa que, nas últimas semanas "funcionários da RIAC, um organismo público que nada tem a ver com a saúde, contactaram doentes em lista de espera de algumas especialidades cirúrgicas", acrescentando que o diálogo com os doentes demonstra que tinham "conhecimento de informação médica confidencial que apenas deveria permanecer nos arquivos hospitalares".
Na resposta, Miguel Correia garantiu que os funcionários da RIAC tiveram acesso apenas ao nome dos utentes, contacto e cirurgia em que estão inscritos, acrescentando que "assinaram uma declaração de sigilo".
"O que queremos, de facto, é atualizar as listas de espera de cirurgia, porque descobrimos com estes contactos que há muita gente que não manifesta intenção de continuar na lista de espera", afirmou.
Segundo Miguel Correia, entre as cerca de 1.800 pessoas em lista de espera há mais de 18 meses, já foram contactadas 997, estimando-se que as restantes recebam uma chamada de um funcionário da RIAC nas próximas semanas.
O secretário regional da Saúde revelou que, entre as pessoas contactadas, "19 por cento manifestaram que não querem estar nas listas de espera", salientando que "isso implica que o agendamento seja muito mais rápido e a preparação das cirurgias seja muito mais rápida para as pessoas que querem ter uma cirurgia".
Miguel Correia salientou, por outro lado, que não há motivo para desconhecimento do procedimento por parte dos médicos, uma vez que foi assinado um protocolo entre a Secretaria Regional da Saúde, a Saudaçor, empresa que gere os meios e equipamentos do setor na região, e a RIAC.
"É uma questão de atualização de listas de espera e também de racionalização de meios, porque deixamos de ter o trabalho administrativo nos hospitais para aproveitarmos uma estrutura do Governo que já existe e que consegue desempenhar perfeitamente esta função", afirmou, recordando que, desde junho, também é possível marcar consultas para centros de saúde através da RIAC.
Miguel Correia revelou ainda que "o programa de recuperação de listas de espera arrancará a partir de setembro nos três hospitais" dos Açores.