Autor: Lusa/AO online
"O que pretendemos em 2018 é criar as condições para que nos três hospitais, no final de 2018, não tenhamos ninguém que esteja inscrito à espera de cirurgia com data inferior a janeiro de 2015", adiantou o secretário regional da Saúde, Rui Luís, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
O CIRURGE é uma medida do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia da Região Autónoma dos Açores (SIGICA), que entrou em vigor em novembro de 2016, na sequência de uma proposta do CDS-PP, aprovada por maioria, na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.
Segundo Rui Luís, a otimização do bloco operatório no tempo normal e o alargamento da produção acrescida de 25 para 35% permite operar os casos prioritários, mas há especialidades com utentes em lista de espera desde 2011.
Só nas especialidades de cirurgia vascular e ortopedia estão inscritos 1.900 utentes até 31 de dezembro de 2014, nos três hospitais da região, sendo que cerca de 75% estão inscritos no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.
No CIRURGE, que tem uma verba de 175 mil euros até ao final de 2017, as cirurgias serão realizas fora do horário normal de trabalho (noites, feriados e fins de semana), com prioridade para os utentes inscritos há mais tempo, sendo as especialidades abrangidas definidas pelos conselhos de administração de cada hospital.
"É um processo dinâmico. As listas de espera nunca vão diminuir. O que queremos diminuir é o tempo de espera em que as pessoas estão nessa lista", salientou Rui Luís.
No final do ano haverá uma avaliação do programa, mas já está previsto um reforço de verbas em 2018.
"Para o CIRURGE apresentámos na Assembleia uma proposta substancialmente superior ao valor que temos este ano, que poderá rondar à volta de 1 milhão de euros", revelou o secretário regional.
A partir de agora serão também divulgados mensalmente na internet os números das listas de espera cirúrgica nos Açores, divididos por hospital, especialidade e tempo de espera.
Os últimos dados conhecidos, referentes a setembro, apontavam para a existência de 11.358 pessoas em lista de espera cirúrgica (incluindo pequena cirurgia), nos três hospitais da região, quando em dezembro de 2016 estavam inscritos 10.413 utentes.
Os tempos médios de espera dos utentes ainda inscritos e dos utentes já operados são diferentes entre os hospitais e entre as especialidades, mas em vários casos é ultrapassado o tempo máximo de 270 dias.
Em setembro, o Hospital de Ponta Delgada era o que apresentava um tempo médio de espera maior entre os inscritos (595 dias), seguido do de Angra do Heroísmo (515 dias) e do da Horta (218 dias).
O tempo médio de espera por uma cirurgia plástica em Ponta Delgada era de 1.104 dias e por uma cirurgia vascular em Angra do Heroísmo 1.010 dias.
Segundo Rui Luís, o CIRURGE refere-se apenas a cirurgias feitas no setor público, mas o SIGICA prevê o recurso ao privado para reduzir as listas de espera.
"Mensalmente vamos analisar cada uma das especialidades e quando se constatar que já não há no serviço público os recursos necessários então a própria legislação tem o sistema do vale-saúde que irá permitir que as pessoas possam aceder a outro tipo de cirurgia sem ser a pública", adiantou.