Autor: Lusa/AO Online
De acordo com uma fonte diplomática de um país europeu com poder de veto no Conselho de Segurança, não vai haver em relação à questão palestiniana coordenação de voto entre os 4 países da União Europeia no organismo - França, Reino Unido, Alemanha e Portugal.
As posições de França e Reino Unido deverão ser expostas a nível nacional nos próximos dias, adiantou a mesma fonte.
Embora ainda não esteja agendada uma votação sobre o pedido de admissão palestiniano, a correlação de forças contra e a favor será determinante para um dos países membros do Conselho de Segurança mais próximos da Palestina, como o Líbano, vir a promover a submissão de uma resolução a votação.
Quinta feira, realizou-se na sede da ONU a primeira reunião em que os diferentes países declararam a sua posição em relação à admissibilidade da candidatura palestiniana.
Entre os países favoráveis contam-se Rússia, China, África do Sul, Brasil, Índia e Líbano.
Outros países membros reservaram a sua posição, caso de Portugal, que preside em novembro ao Conselho de Segurança, e também da Alemanha.
Contactada pela Lusa, fonte da missão portuguesa adiantou que a missão considera que a Palestina "reúne as condições" para a admissão como membro da ONU, mas sublinha que é "importante ter em conta um processo negocial que conduza a uma solução pacífica com dois Estados", israelita e palestiniano.
De acordo com a mesma fonte, o cenário considerado por enquanto não é o de uma votação no Conselho de Segurança, pelo que a posição portuguesa se mantém em aberto e só será definida em função de resoluções concretas.
Na quarta feira, o embaixador português na ONU, Moraes Cabral, disse que Portugal não iria decidir "no vago e em abstrato", e que a "resolução [sobre a admissão], se existir até pode ter diferentes formulações".
Portugal absteve-se na votação da admissão da Palestina como membro da UNESCO, agência da ONU para a Educação e Cultura, enquanto países europeus como a França ou a Espanha votaram a favor.
Em relação a pedidos de admissão palestinianos a entidades do sistema Nações Unidas, Moraes Cabral afirma que "cada situação será apreciada pelo seu justo valor".
Para ver aprovada a sua candidatura, a Palestina vai precisar de nove votos favoráveis, e que nenhum dos cinco membros com poder de veto - Estados Unidos, Reino Unido, China, Rússia e França - bloqueie o processo.
Washington, contudo, opõe-se totalmente à adesão da Palestina e já anunciou a intenção de vetar qualquer resolução.
O relatório sobre a admissibilidade da candidatura palestiniana será elaborado pela presidência portuguesa do Conselho, em articulação com o Secretariado da ONU, até ao dia 11 de novembro.
O pedido de admissão deu entrada no Conselho de Segurança no final de setembro, pela mão do presidente da Autoridade Palestiniana, e os 15 países membros decidiram então remetê-lo para um grupo de trabalho especializado.