Açoriano Oriental
Dois milhões e meio de muçulmanos iniciam peregrinação a Meca
Mais de 1,6 milhões de muçulmanos oriundos do todo o mundo e centenas de milhares de sauditas, numa previsão de dois milhões e meio de crentes, participam a partir de segunda-feira na peregrinação a Meca.
Dois milhões e meio de muçulmanos iniciam peregrinação a Meca

Autor: Lusa / Ao online
    Para fazer face a esta maré humana, as autoridades sauditas tomaram importantes medidas para garantir a segurança durante as festas e evitar uma repetição de choques de multidão como os que causaram 364 mortos em 2006 e 251 em 2004.

    O incidente mais mortífero ocorreu em Julho de 1990 em Mina, onde 1.426 peregrinos, na sua maioria asiáticos, pereceram asfixiados num túnel, provavelmente devido a uma avaria do sistema de ventilação.

    O ministro do Interior saudita, o príncipe Nayef Ben Abdel Aziz, presidente da Alta Comissão do Hadj (peregrinação), inspeccionou hoje os preparativos para as cerimónias, designadamente a terceira fase da construção de uma ponte sobre o local das lapidações, onde é habitual ocorrer concentrações incontroladas de fiéis.

    "A Arábia Saudita mobilizou todas as forças de segurança possíveis para garantir um "hadj" sem incidentes, por conseguinte esperamos não vir a ter problemas", declarou o príncipe à imprensa.

    Convidado pelo rei Abdallah da Arábia, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, é esperado hoje à noite para aquela que será a primeira participação de um chefe de Estado da República islâmica na peregrinação.

    O ministro do Interior saudita, contudo, declarou que Ahamadinejad é considerado apenas um peregrino como qualquer outro.

    "Não beneficiará de medidas especiais de segurança", acrescentou.

    O Irão, de maioria xiita, e a Arábia Saudita, de maioria sunita, procuram desde há alguns anos reforçar relações de há muito beliscadas por um clima de desconfiança.

    No total, 11.000 médicos, enfermeiros e técnicos paramédicos foram mobilizados para prestar assistência aos peregrinos em 21 hospitais e 145 dispensários com uma capacidade total de 4.200 camas nos lugares santos de Meca, Mina e Monte Arafat, segundo fontes oficiais.

    Os fiéis são também grandes consumidores de frangos e a Arábia Saudita anunciou ter abatido recentemente mais de 4,3 milhões de aves de capoeira para lutar contra o vírus H5N1 da gripe das aves, surgido em Novembro em explorações agrícolas a sul de Riade.

    Reunidos em Meca, o mais importante lugar santo do Islão, na parte ocidental da Arábia Saudita, os peregrinos são esperados a partir das primeiras horas de segunda-feira, a pé ou em autocarros, em Mina, um vale árido situado a dez quilómetros da cidade santa, marcando assim o início do "hadj".

    Passarão o dia em oração e recolhimento neste vale, transformado nesta altura do ano numa cidade de tendas facilmente inflamáveis. Na terça-feira de manhã, movimentam-se para o Monte Arafat, também chamado Monte da Misericórdia, onde permanecerão durante muito tempo para solicitar e implorar o perdão de Deus.

    A paragem dos peregrinos nas colinas do Monte Arafat simboliza a espera pelo Juízo Final e constitui o momento mais alto da peregrinação.

    Os fiéis regressam depois a Mina para imolar um animal, geralmente um carneiro, em evocação do sacrifício falhado de Abraão ao pretender sacrificar o seu filho por ordem de Deus.

    Passarão seguidamente dois outros dias em Mina para o rito final, a lapidação de três colunas em pedra que simbolizam as tentações de Satã.

    Quase dois milhões e meio de fiéis, entre os quais mais de 1,6 milhões provenientes do estrangeiro, participaram no último "hadj", um dos cinco pilares do Islão que qualquer muçulmano, segundo o Corão, deve cumprir pelo menos uma vez na vida se tiver meios para isso.

    As autoridades sauditas montaram numerosos postos de controlo policial em todas as estradas que ligam Meca ao resto do reino wahabí, enquanto que nos dez quilómetros que separam esta cidade do vale de Mina podem ser vistas dezenas de blindados e ambulâncias.
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