Açoriano Oriental
Contaminação das nascentes deixa população sem água para consumo
Habitantes de Água Retorta queixam-se da qualidade de água que lhes chega ás torneiras. Alegam que, frequentemente, a água apresenta-se turva e com uma alta concentração de terra, tornando inviável o seu consumo. Na origem do problema poderá estar o corte de mata junto às nascentes
Contaminação das nascentes deixa população sem água para consumo

Autor: Luísa Couto
Imagine abrir uma torneira em sua casa e vez de água pura e cristalina, deparar-se com um fluxo de água turva... Ou imagine-se chegado a casa do trabalho, querer tomar um duche e não conseguir porque a água que sai do chuveiro está carregada de terra. Imagine-se ainda a cozinhar ou lavar loiça nessas condições...
Na verdade, esse tem sido o cenário com o qual que sido confrontados, frequentemente, os habitantes da freguesia de Água Retorta.
“É impossível beber, tomar banho ou lavar roupa porque aquilo é mesmo barro em vez de água”, desabafa Maria do Nascimento Raposo. Para a habitante da mais periférica freguesia do concelho da Povoação, a situação está a atingir contornos preocupantes uma vez que a população fica, muitas vezes, privada de um bem que é essencial e pelo qual está a pagar.
“Nos últimos meses, sobretudo quando chove, é impensável fazer o que quer seja com a água da torneira”, acrescenta.
Perante esta situação e para sanar as necessidades do dia-dia, a população tem recorrido à compra de água engarrafada.
“Assim estamos a pagar duas vezes”, afirma indignada Leontina Aguiar.
Noutros casos, há quem diga que esperar pelas horas em que a água se apresenta menos poluída para realizar tarefas tão básicas como necessárias como é caso de tomar banho ou cozinhar. Uma situação que caracterizam de inadmissível e que, por isso mesmo, exigem que seja resolvida o mais rapidamente possível. Há mesmo quem pondere deixar de pagar a água como forma de reivindicação.
Na origem desta situação, ao que tudo indica, está a contaminação dos cursos de água que abastecem a freguesia, motivada, por alegados cortes de mata junto às nascentes.
Diante este cenário, a Câmara Municipal da Povoação já fez saber que enviou um ofício ao Director Regional dos Recursos Florestais a exigir que se encontre uma solução rápida e eficaz.
De acordo com a edilidade, “as nascentes que abastecem Água Retorta são provenientes das encostas da Serra da Tronqueira, local onde foram recentemente autorizados vários cortes rasos de matas de criptomérias. Em consequência dos respectivos cortes foi aberta uma rede de estradões que têm vindo contínua e quase diariamente a contaminar as nascentes e, por consequência, a água fornecida aos habitantes desta freguesia”.
Acrescenta ainda a edilidade que o caso é tão grave que, por diversas vezes, foi detectada a presença de óleo de máquina em suspensão nos reservatórios que abastecem a localidade.
A agravar a situação poderá estar ainda o mau tempo que se tem feito sentir. Isto porque, adianta a Câmara, “as lamas provocaram a obstrução da adutora que abastece Água Retorta, o que fez com que a escorrência da água nas torneiras dos consumidores fosse literalmente negra”.
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