Consórcio apela à responsabilidade do pessoal de cabine da Azores Airlines

O consórcio Newtour/MS Aviation insistiu que só vai apresentar uma proposta pela Azores Airlines se chegar a um entendimento com os trabalhadores e apelou ao pessoal de cabine para compreender que a “responsabilidade exige realismo”



Numa carta aberta dirigida ao pessoal de cabine da Azores Airlines, a que a agência Lusa teve acesso, o consórcio lamenta que as reuniões com o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) não tenham decorrido com o "espírito de quem deseja uma negociação efetiva”, apelando à responsabilidade dos trabalhadores.

“É por isso que dirigimos esta carta aberta ao pessoal de cabine. É o vosso futuro que está em causa e é fundamental que nos digam que caminho desejam para a Azores Airlines. Do nosso lado, mantemos a convicção de que só a convergência permite delinear um trajeto que conduza à sustentabilidade da empresa”, escreve o consórcio.

O Newtour/MS Aviation, que tem até dia 24 de novembro para apresentar uma proposta pela companhia aérea, considera que a “postura dos dirigentes sindicais, além de condicionada por pressupostos ideológicos, foi de bloqueio a um acordo”, apesar de os funcionários terem “manifestado abertura ao compromisso”.

O consórcio confirma que apresentou uma proposta de acordo “definitiva”, que vai ser votada na sexta-feira em Assembleia Geral do sindicato.

“Aguardamos uma tomada de posição do pessoal de cabine. Continuarmos neste exercício a menos de 24 horas da realização da Assembleia Geral não ajuda a uma tomada de decisão esclarecida por parte dos associados que vão votar a proposta”, defendem.

O Newtour/MS Aviation lembra que o diálogo com Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) "decorreu com seriedade e sentido de responsabilidade”, culminando com a aprovação da proposta apresentada pelo consórcio.

“Que não subsista qualquer dúvida: sem convergência, ou seja, sem um entendimento prévio com os trabalhadores, o agrupamento Newtour/MS Aviation não apresentará qualquer proposta de aquisição”, insistem.

Segundo o consórcio, a proposta apresentada ao pessoal de cabine “não é igual, nem poderia ser” à dos pilotos, já que cada profissão tem as suas “especificidades”, mas apresenta o “mesmo racional”.

“Já que o sindicato tem revelado falta de pragmatismo, esperamos que os trabalhadores possam compreender que a companhia aérea não dispõe de margem para soluções desligadas da sua situação real. A responsabilidade exige realismo”, alertam.

O agrupamento classifica o “momento como decisivo”, já que a posição dos funcionários será “determinante para que exista, ou não, uma nova oportunidade para a Azores Airlines”.

A 09 de novembro, o SPAC revelou à agência Lusa que foi aprovado na Assembleia de Empresa da Azores Airlines, com 75% dos votos, o acordo negociado entre a direção do SPAC e o consórcio Newtour/MS Aviation.

A Assembleia Geral do SNPVAC está marcada para sexta-feira, tendo como único ponto da ordem de trabalhos a análise e votação da proposta de acordo entre o sindicato e o consórcio que está a negociar a companhia açoriana.

A privatização da Azores Airlines está a ser negociada com o consórcio Newtour/MS Aviation, tendo o Governo Regional admitido a possibilidade de uma negociação particular ou o encerramento da companhia, caso não seja possível alcançar um acordo.


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