Açoriano Oriental
Carta Europeia do Coração visa a prevenção da doença cardiovascular
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia apresenta terça-feira a Carta Europeia do Coração, que visa mobilizar a população e os governos europeus para a prevenção das doenças cardiovasculares, que matam anualmente quase dois milhões na União Europeia.

Autor: Lusa / AO online

A "Carta europeia para a saúde do coração" foi elaborada pela Sociedade Europeia de Cardiologia e o objectivo, disse à Lusa o presidente da sociedade portuguesa, Hugo Madeira, é que seja aprovada pelos Estados-membros ainda este ano, durante a presidência portuguesa da União Europeia.

O responsável adiantou que a Sociedade Portuguesa de Cardiologia obteve a "promessa activa do Alto-Comissariado da Saúde de ajuda nos contactos com as autoridades" para tentar que a Carta Europeia do Coração, "apadrinhada pelo Parlamento Europeu em Junho", seja assinada pelos governos ainda este ano.

O principal objectivo da Carta, apresentada nas vésperas do Dia Mundial do Coração, que se assinala domingo, é sensibilizar a população em geral e os Governos em particular para a necessidade de prevenir e combater a doença cardiovascular, "a primeira causa de morte entre os homens e mulheres europeus", e também "uma das principais causas de incapacidade e pior qualidade de vida", pode ler-se no preâmbulo do documento.

"A doença cardiovascular mata mais pessoas que todas as formas de cancro combinadas com uma maior percentagem nas mulheres (55 por cento) do que nos homens (43 por cento) e com uma taxa de mortalidade mais elevada nos homens e mulheres com uma situação socio-económica desfavorecida", diz ainda a Carta.

Segundo o documento, estima-se que a doença cardiovascular custe à economia europeia 169 mil milhões de euros por ano, o que representa um custo total anual de 372 euros per capita.

Além disso, a perda de produtividade devida à mortalidade e morbilidade da doença cardiovascular custa à União Europeia mais de 35 mil milhões de euros.

Segundo Hugo Madeira, embora os factores genéticos da doença cardiovascular não sejam controláveis, há outros que o são.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que uma ligeira redução, simultaneamente e em todo o mundo, da pressão arterial, da obesidade, do colesterol e do consumo de tabaco, iria fazer cair em mais de metade a incidência da doença cardiovascular, que actualmente mata 4,35 milhões de pessoas por ano nos 52 Estados membros da Região Europeia da OMS e mais de 1,9 milhões na União Europeia.

A Carta é, por isso, um conjunto de sugestões para que "os políticos da Europa se empenhem activamente" no combate aos factores que podem ser mudados, como "o consumo de tabaco, de sal em demasia, o excesso de peso e a obesidade, a diabetes, o stress e o excesso de colesterol", disse o responsável.

No documento, pode ler-se que o combate à doença cardiovascular pode ser combatida pelos decisores políticos - criando um enquadramento favorável, através de medidas legislativas ou outras; pelas pessoas a título individual, adoptando comportamentos adequados; e pelos profissionais de saúde, defendendo a identificação e o tratamentos das pessoas em alto risco.

"A construção de ginásios em toda e qualquer escola, campanhas e legislação contra o tabaco e a alimentação irracional ou a atribuição de benefícios fiscais às empresas que reservassem espaços nos seus edifícios para que os funcionários fizessem exercício" são algumas sugestões deixadas por Hugo Madeira para as medidas a adoptar pelos decisores políticos.

Para os indivíduos, a Carta recomenda que os cidadãos não devem consumir tabaco, devem fazer exercício pelo menos 30 minutos, cinco vezes por semana, devem ter hábitos alimentares saudáveis, evitar excesso de peso, manter a pressão arterial abaixo dos 140/90, o colesterol inferior a 5mmol/L (190mg/dl), evitar stress excessivo e ter um metabolismo da glicose normal.

Como objectivo último, a Carta estabelece: "Toda a criança nascida no novo milénio tem o direito de viver, pelo menos até aos 65 anos de idade, sem sofrer de uma doença cardiovascular evitável".

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