Autor: Lusa/AO online
Diante da Assembleia-geral da ONU em Nova Iorque, Barack Obama afirmou que os Estados Unidos ficaram “incentivados” com a recente eleição de Hassan Rohani para a presidência iraniana, considerando que o novo líder recebeu “um mandato para seguir um caminho mais moderado”, numa alusão ao anterior governante iraniano, o ultraconservador Mahmud Ahmadinejad.
Rohani, que assumiu funções no mês passado, adotou um tom conciliador em relação ao Ocidente e apelou ao diálogo para resolver os diferendos entre Teerão e a comunidade ocidental, com particular destaque para o controverso programa nuclear iraniano.
Os Estados Unidos e os seus aliados suspeitam da natureza do programa nuclear iraniano, afirmando que Teerão tem ambições bélicas e pretende adquirir armas atómicas. O regime iraniano sempre recusou tais acusações.
“A partir do momento em que o presidente Rohani está empenhado em atingir um acordo, pedi a John Kerry [secretário de Estado norte-americano] para liderar o processo com o governo iraniano, em estreita coordenação com a União Europeia (UE), Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e a China”, explicou Obama.
“Os bloqueios podem ser difíceis de superar, mas estou convencido de que é necessário testar o caminho diplomático”, acrescentou o governante norte-americano.
Na mesma intervenção, o Presidente norte-americano reconheceu as “raízes profundas” da desconfiança entre Washington e Teerão, que romperam relações diplomáticas após a revolução islâmica de 1979.
“Não penso que esta história difícil possa ser superada de um dia para o outro, as suspeitas estão profundamente enraizadas. Mas tenho a certeza que se pudermos resolver a questão do programa nuclear iraniano, poderá abrir (…) uma relação diferente, com base em interesses e respeito mútuos”, salientou.
Para que o processo seja marcado pelo sucesso, reforçou Obama, “as palavras conciliadoras [do regime de Teerão] devem ser acompanhadas por atos transparentes e verificáveis”, recordando que “foram as escolhas do governo iraniano que conduziram às atuais sanções” contra o país.
Na intervenção diante dos líderes mundiais, Obama focou ainda a atual situação no Egito, advertindo que a manutenção do apoio dos Estados Unidos irá depender dos progressos para a democracia verificados naquele país, depois da deposição do Presidente Mohammed Morsi pelo exército em 03 de julho.
“No futuro, os Estados Unidos irão manter uma relação construtiva com o governo interino (…) mas não iremos disponibilizar certos equipamentos militares e o nosso apoio irá depender do progresso do Egito no caminho da democracia”, disse Obama.