Autor: Carolina Moreira
A presidente da direção do Banco Alimentar Contra a Fome - São Miguel, Luísa César, revelou ontem que a campanha de primavera, que decorreu este fim de semana, foi a “melhor que tivemos nestes 29 anos de atividade” ao conseguir recolher quase 30 toneladas de alimentos em toda a ilha.
“Deixa-nos muito, muito satisfeitos porque, em relação à campanha de maio do ano passado, já estamos com quase mais nove toneladas. No ano passado, a esta hora, tínhamos 20 [toneladas]. Agora já temos 28.673 [alimentos] e ainda temos um carro por fora, para a Povoação e Nordeste, onde se calhar temos mais uma ou duas toneladas”, revelou em entrevista ao Açoriano Oriental.
A responsável compara os números alcançados com a campanha realizada no Natal passado, em que “passámos as 30 toneladas”, mas ressalva que “essa é uma altura em que as pessoas estão com o espírito fraterno mais acentuado”.
Segundo Luísa César, as doações voltaram a “respeitar a lista de 15 alimentos básicos” divulgada pelo Banco Alimentar, dando especial destaque à recolha de leite.
“Tivemos uma excelente recolha de leite, porque precisamos de 12 mil litros de leite por mês para os cabazes que distribuímos. Mas as pessoas também doaram os enlatados, o arroz, as massas, os cereais de pequeno-almoço, o Nestum... Às vezes, aparecem uns mimos que nos enternecem de alguma maneira, como chocolate ou pão , o que também tem a sua simbologia”, assinalou.
A responsável pelo Banco Alimentar em São Miguel revelou ainda que o número de famílias apoiadas na ilha aumentou entre a última campanha de Natal e esta campanha de primavera, de “cerca de 500 para uma média de 630 mensais”, sendo necessários cerca de 18 toneladas de alimentos por mês.
Tratam-se de famílias sinalizadas pelo Instituto de Segurança Social dos Açores (ISSA), assistentes sociais, centros sociais e paróquias, nas quais os pais trabalham, mas os rendimentos são baixos.
“Nas sinalizações que nos fazem, a indicação é de que são famílias com filhos que trabalham, mas com baixo rendimento, com salários mínimos. E precisam deste apoio alimentar”, frisou Luísa César.
Em entrevista ao jornal, a responsável pelo Banco Alimentar salienta que as duas campanhas anuais realizadas conseguem suprir apenas “20 a 25% das nossas necessidades anuais”, recorrendo depois a instituição ao mecenato de empresas e a um protocolo de cooperação com o ISSA quando há rutura de stock e também a uma parte percentual definida das doações nacionais.
Quanto à “generosidade” da população micaelense que aconteceu este fim de semana, Luísa César destaca que pode ter “várias explicações”, entre elas o facto de estarmos no “período das festas do Espírito Santo, com este espírito tão açoriano de partilha e de ajudar os mais pobres”.
Além
disso, a responsável pelo Banco Alimentar salienta que “as pessoas
sentem que a vida está cara e pensam nos outros que têm menos condições e
mais dificuldades”.
Em declarações ao jornal, Luísa César não
esquece também a “grande força desta campanha” - os voluntários - que
chegaram aos “850 a 900” e dá crédito ao trabalho de distribuição de
alimentos do Banco Alimentar há quase 30 anos.
No total nacional, a
campanha do Banco Alimentar Contra a Fome recolheu este fim de semana
1.878 toneladas de alimentos em mais de 2.000 superfícies comerciais do
país.
O Banco Alimentar revelou que esta recolha representou um
acréscimo de 6,4% em relação à campanha homóloga de 2024, que angariou
1.755 toneladas.
“A adesão à campanha do Banco Alimentar voltou a ser incrível. É muito gratificante poder contar com a participação de tantas pessoas que vão às compras e partilham alimentos com quem mais precisa, respondendo ao apelo do Banco Alimentar e não ficando indiferentes”, afirmou a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, Isabel Jonet, citada em comunicado.
Segundo
o Banco Alimentar, os alimentos recolhidos serão distribuídos a partir
da próxima semana por 2.300 Instituições de Solidariedade Social, que os
vão entregar “a cerca de 360 mil pessoas com carências alimentares
comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confecionadas
servidas em lares, apoio ao domicilio, creches, refeições a pessoas sem
abrigo, entre outras”.