Açoriano Oriental
Antero de Quental revisitado nos 130 anos da sua morte por Luís Fagundes Duarte

O poeta e filósofo Antero de Quental vai ser revisitado esta noite, nas vésperas dos 130 anos da sua morte, através do professor universitário Luís Fagundes Duarte, no âmbito de uma iniciativa do Instituto Açoriano de Cultura.

Antero de Quental revisitado nos 130 anos da sua morte por Luís Fagundes Duarte

Autor: Lusa/AO online

Luís Fagundes Duarte, aposentado, a propósito da iniciativa Grémio das Nove, do Instituto Açoriano de Cultura, considera que Antero “é um dos escritores portugueses mais conhecidos”, mas foi “sempre acompanhado por gente erudita, que era cuidadosa”, não sendo um “poeta popular”.

Curiosamente com 353 poemas, o poeta tem, contudo, 485 publicados, explicando o estudioso da obra de Antero que “há 132 poemas que publicou em vários livros”.

Fê-lo utilizando um determinado poema, já publicado em livro, introduzindo-o em outro, com “pequenas alterações de conteúdo para o adaptar possivelmente a um novo contexto”, de acordo com o ensaísta.

“O mesmo poema foi mudando de forma, as palavras foram substituídas por outras para o adaptar a novas circunstâncias”, explica o escritor.

Numa perspetiva de divulgação da sua obra poética, Luís Fagundes Duarte considera que “muitas vezes aquilo que o poeta escreveu não está adaptado ao gosto que vinga num determinado momento da história".

O ensaista aponta que, sendo “grande parte dos sonetos de Antero extremamente bem conseguidos do ponto de vista formal e poético, possuem uma grande densidade filosófica”, o que dificulta a passagem da mensagem, por exemplo, por professores de ensino secundário, aos seus alunos.

Para Luís Fagundes Duarte, importa “encontrar uma maneira, sem alterar os textos, de os fazer perceber aos jovens, criando condições de comunicação” para acederem à obra de Antero de Quental.

Há também que proceder à disponibilização dos textos nas livrarias, o que motivou o estudioso a reunir, numa única publicação, as obras completas deste perfil literário português.

Apesar de ser natural da ilha açoriana de São Miguel, não se encontra na sua obra algo que se identifique com o ser açoriano, sendo na perspetiva de Luís Fagundes Duarte um “grande poeta da língua portuguesa e europeu do seu tempo”.

Para o Instituto Açoriano de Cultura, Antero de Quental é uma “figura ímpar da cultura e do pensamento nacional, poeta de múltiplos talentos, que se tornou um verdadeiro ícone do país, influenciando várias gerações de autores e de políticos portugueses”.

“Se, para uns, Antero foi sobretudo um pensador e um visionário, para outros foi essencialmente um poeta, ou seja, alguém que sintetizou em verso uma peculiar maneira de ver o mundo”, refere o Instituto Açoriano de Cultura.

Nascido em 1842, em Ponta Delgada, cidade onde pôs termo à vida a 11 de setembro de 1891, é considerado “um astro luminoso que agitou o Portugal da segunda metade do século XIX”.

Numa carta autobiográfica a Wilhelm Storck, Antero afirmou que o seu livro “Os Sonetos Completos” acompanhava, “como a notação dum diário íntimo e sem mais preocupações do que a exatidão das notas dum diário, as fases sucessivas" da sua "vida intelectual e sentimental”.

“Ele forma uma espécie de autobiografia de um pensamento e como que as memórias de uma consciência”, segundo Antero.

Antero de Quental teve um papel importante no denominado movimento da Geração de 70.


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