De regresso aos Açores, 15 anos depois, o treinador Vítor Pereira confessou que a vinda para o Santa Clara - na época 2008/09 - foi o melhor passo que poderia ter dado na sua carreira de treinador.
“[Vir para os Açores ] acho que foi o melhor passo que dei na minha carreira, porque foi a minha primeira saída e aquela que mais me marcou pelo positivo”, referiu o treinador de 57 anos em declarações prestadas à comunicação social, à margem da ação de formação contínua para treinadores de futebol, promovida pela Associação de Futebol de Ponta Delgada (AFPD), onde apelou à “coragem” do treinador açoriano, que considerou ter muita qualidade.
“Essencialmente, [falta] coragem. Coragem de sair da zona de conforto e ir para o mundo, sair daqui. Claro que o ponto de partida aqui é bom, mas às vezes é preciso sair da zona de conforto e arriscar”, realçou Pereira, lembrando quando decidiu “correr o risco” e assinar pelo Santa Clara.
“Quando me tornei profissional, foi para assinar pelo Santa Clara. Nessa altura tinha três filhos e foi um risco grande.Foi um sacrifício muito grande da minha família, mas é a única forma. A única forma é, de facto, arriscar, sair e acreditar. Acreditar nas ideias, no trabalho e ir à luta”, enfatizou.
Depois da componente teórica da ação de formação, que decorreu no passado dia 6 de dezembro (sábado), no auditório da sede da AFPD, intitulado “A construção e desconstrução do modelo de jogo do treinador”, o conceituado técnico português, bicampeão nacional ao serviço doFCPorto, promoveu, no dia seguinte (7), um workshop intitulado “A arte de simplificar sem subtrair”, no Estádio Municipal Jácome Correia, onde contou com a “ajuda” de uma seleção de jogadores convocados pela AFPD.
Sobre os dois anos em que esteve no comando técnico dos “encarnados” de Ponta Delgada, Vítor Pereira recorda a “mágoa” de não ter conseguido a promoção com o Santa Clara, mas realçou as boas memórias que carrega da sua passagem pelos Açores.
“[Não ter conseguido a promoção] foi das maiores mágoas da minha carreira, porque estivemos tão perto, mas agarro-me às coisas positivas. Foram dois anos maravilhosos da minha vida, em que o ambiente era excecional. Tratavam-me como se fosse família e isso não tem preço”, revelou o treinador, acrescentando que o Santa Clara, “um dos clubes do seu coração”, está “bem entregue”.
Depois de terminar a sua mais recente experiência profissional, nos ingleses do Wolverhampton - um registo de 14 vitórias em 38 partidas -, Vítor Pereira descartou a possibilidade de regressar a Portugal, confessando que o seu objetivo passa por regressar, o mais depressa possível, ao futebol inglês.
“Acho difícil [voltar a treinar em Portugal]. Pode acontecer, mas, sinceramente, não acredito. Hoje estou muito mais tranquilo, porque fiz uma carreira e continuo a ter as minhas ambições. Estava em Inglaterra e quero voltar, porque é um desafio espetacular”, explicou.
Recorde-se que, depois da
primeira experiência profissional no Santa Clara, na II Liga, Vítor
Pereira percorreu os “quatro cantos do mundo”, contando com passagens
por FC Porto (Portugal), Al-Ahli e Al Shabab (Arábia Saudita),
Olympiakos (Grécia), Fenerbahçe (Turquia), TSV 1860 München (Alemanha),
Shanghai Port (China) - onde se sagrou campeão -, Corithians e Flamengo
(Brasil) e, por fim, Wolverhampton (Inglaterra).
