Açoriano Oriental
Ambiente
Tartaruga morta dá à costa e é enterrada junto a areal
Animal marinho de grande dimensão e em avançado estado de putrefacção deu à costa na baía de Santa Cruz, na Lagoa, e acabou enterrado junto ao areal. Solução dada ao cadáver é questionada por moradores e por técnica
Tartaruga morta dá à costa e é enterrada junto a areal

Autor: Paula Gouveia
Na semana passada, uma tartaruga de grande dimensão, já morta e em estado de putrefacção, deu à costa na baía de Santa Cruz, na Lagoa.
Alertada por um residente da zona, a Polícia Marítima (PM) dirigiu-se ao local e encontrou o animal ainda na água, junto ao areal. Segundo informou a própria Polícia Marítima, esta solicitou a colaboração dos serviços da Câmara Municipal de Lagoa para que cedessem uma máquina que conseguisse remover o animal da água e transportá-lo para outro local. Acabou por ser decidido enterrar a tartaruga morta junto ao areal, em propriedade da autarquia.
E aqui começa a polémica: moradores da zona não concordaram com os procedimentos e a solução adoptada e duvidaram da sua conformidade com as regras a seguir nestes casos.
Tanto a autarquia como a Polícia Marítima recusam responsabilidade na decisão de enterrar a tartaruga ali mesmo. A Câmara Municipal alega que apenas colaborou com a PM, até porque a tartaruga foi encontrada na orla costeira, que é responsabilidade do Governo Regional; e a PM, por sua vez, alega que cumpriu apenas o decidido pela autarquia.
Segundo informações da Câmara e da própria PM, a tartaruga estava em avançado estado de putrefacção e seria difícil proceder ao seu transporte para um local mais distante.  A verdade é que a decisão foi tomada sem a orientação do veterinário da autarquia. 
Quanto ao fim a dar ao animal, o capitão do porto, com base nas informações que possui , considera que foi o mais adequado.  Diz que a Universidade dos Açores ainda foi contactada no sentido de se saber se o animal teria interesse científico para a instituição, mas a resposta foi negativa.
São Ventura, directora do Centro de Conservação e Protecção do Ambiente, do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores, doutorada em Ecologia Animal, chama a atenção de que “todas as Câmaras Municipais têm uma pessoa formada em ambiente que está apta a solucionar situações do género, mas ainda assim podem questionar a Universidade dos Açores ou mesmo os Serviços de Ambiente”.  Sustenta, por isso, que em casos semelhantes se deve sempre procurar a opinião de um técnico habilitado sobre o fim a dar a animais mortos. Até porque, alerta, “é preciso acautelar eventuais situações de risco para a saúde pública”, em especial tratando-se  de cadáveres de grandes dimensões... “Não se pode enterrar em qualquer sítio... existem regras. A selecção dos locais tem de ser criteriosa”, afirma. No caso presente, em sua opinião, havia três opções mais adequadas: levá-lo para o aterro sanitário, incinerar o animal ou, sendo um animal marinho, afundá-lo a duas milhas da costa, onde acabaria por ser devorado por outros animais e decomposto no fundo do mar.
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