Autor: Lusa/Ao On line
O psicólogo apresentará no sábado dados sobre o suicídio no idoso nas segundas jornadas sobre Prevenção do Suicídio, organizadas pela Mil Razões, no Porto.
No entanto, o também director da Faculdade de Psicologia da Universidade Lusófona adianta que, devido ao isolamento, auto ou hetero, os idosos vivem "situações de abandono".
A actual "civilização" tem "guetizado" cada vez mais os idosos, ao serem colocados em lares e "arquivados em compartimentos de quartos andares íngremes sem elevadores", nota.
"Assiste-se nesta fase terminal da vida a um desinvestimento do sujeito em si próprio, a uma quebra da vinculação, que conduzem sempre a factores precipitantes da exclusão", diz Carlos Poiares, acrescentando a "culpa" sentida pelos idosos devido ao peso que representam nos orçamentos e nos contextos psico-afectivos da família.
Neste cenário, os idosos podem optar por soluções de suicídio, que podem ser prevenidas pela "integração social e prestação de apoio psicológico domiciliário".
Há cerca de três anos, no âmbito da associação de psicologia forense PSIJUS, foi criado um projecto inédito de apoio psicológico em casa e em instituições de idosos.
Actualmente, funciona em Lisboa e envolve cerca de 30 idosos, mas o objectivo é alargar este projecto "pioneiro" de interacção e estimulação cognitiva de idosos a todo o país.
"Vemos muitas vezes a prestação de apoio, mas não o apoio psicológico. Não são as mesmas valências, não preenchem as mesmas necessidades e daí também a aposta numa prevenção, que permita que os idosos tenham o seu lugar e acima de tudo que deixem cumprir o seu calendário de vida sem a antecipação suicida", explica.
Por isso, sendo um grupo de risco de ideação suicida há "necessidade de trabalhar psicologicamente e socialmente" a realidade dos idosos, nomeadamente através de "dispositivos das autarquias, sociedade civil e também o reforço de algumas competências ao nível familiar".