Açoriano Oriental
Jornal de Campanha
"Simulacro de democracia"
Carlos Costa Neves não se conformou com a realização de um único debate pela televisão e rádio públicas, sem um frente-a-frente entre si e Carlos César, líder do PS. Na véspera, ainda na Terceira, o candidato acusou a Câmara de Angra de usar meios autárquicos para distribuir propaganda
"Simulacro de democracia"

Autor: Olímpia Granada
“Também tenho família, também tenho amigos, também tenho filhos, sou uma pessoa como as outras todas e as pessoas queixam-se muito do aperto”, disse ontem Carlos Costa Neves durante uma acção de rua na Vila de Lagoa, ao final da tarde.
Para o candidato social-democrata a presidente do Governo Regional nas eleições do próximo domingo, a principal vítima do aperto que denuncia é a classe média para a qual defende, assim, a criação de medidas específicas de apoio.
Entre cumprimentos e troteando o refrão do hino da campanha laranja para estas regionais, “melhor é possível”, Costa Neves foi perguntando então “como é que está a correr a vida” ou o “negócio”.
Para o cabeça de lista, as respostas são a prova de que há crise nos Açores e que foi, de resto, o primeiro tema ontem colocado aos líderes regionais que se candidatam nestas legislativas regionais no debate promovido pela televisão e rádio públicas dos Açores.
Na resposta, o candidato do PSD elencou as soluções que anunciara já esta semana em comício, como a abertura de uma linha de crédito bonificada para habitação ou a redução para 30% do IRS, entre outras.
Na Saúde, ficou a crítica ao insucesso que afirmou terem sido as políticas do PS que até “já teve que procurar cinco secretários regionais” para o sector, defendeu reembolsos no recurso à privada por insuficiência do Serviço Regional de Saúde, o aumento das comparticipações para diárias de utentes deslocados e criticou o que disse ser o sub-financiamento do sistema.
Os participantes (sete dos oito concorrentes, pois o candidato do PPM, Paulo Estêvão, entendeu não ter condições para se ausentar dois dias da ilha do Corvo) foram confrontados com cinco temas e Costa Neves considerou que o debate “não foi esclarecedor”.
“Acham que isto foi um debate? Acham que o serviço público de rádio e televisão proporcionou aos açorianos um debate? Ou proporcionou uma série de sete monólogos consecutivos?” , questionou aos jornalistas no final.
Para o líder do PSD nos Açores que tem vindo acusar o líder do PS, Carlos César, de recusar um debate a dois, “não houve nenhum contraditório, não houve nenhuma clarificação, não houve nenhum esclarecimento, não houve nenhuma oportunidade para esclarecer ideias, isto é o dia- a-dia nos Açores!” e tudo não passou “de um simulacro de democracia”. Neves criticou ainda o facto do debate ter sido gravado e ser emitido à noite só após um jogo de futebol.
Na véspera e ainda na ilha Terceira, o candidato social democrata, citado pela Lusa, acusou os socialistas de utilizarem meios da autarquia de Angra do Heroísmo para distribuir propaganda eleitoral, argumentando ser um procedimento que demonstra “falta de vergonha”.
Num jantar-comício na Freguesia de São Carlos, denunciou que um funcionário da autarquia, liderada pelo PS, distribuiu uma carta dos serviços municipalizados aos munícipes, ao mesmo tempo que entregava um jornal chamado “Intervenção”, do grupo parlamentar do Partido Socialista.  “Política sem ética é uma vergonha”, afirmou Costa Neves, recordando as palavras do líder histórico do PSD, Sá Carneiro.
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