Açoriano Oriental
Restauração não teve tempo para abandonar os plásticos nas festas do Santo Cristo

Os profissionais da restauração queixam-se de falta de tempo para se adaptarem à medida apresentada pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, que anunciava a substituição do plástico por materiais biodegradáveis nas festas do Santo Cristo.

Restauração não teve tempo para abandonar os plásticos nas festas do Santo Cristo

Autor: Lusa/AO Online

Em nota de imprensa enviada em 15 de maio, a autarquia avançava que, durante o período em que decorrem as maiores festividades religiosas da ilha de São Miguel, entre 24 e 30 de maio, “nos espaços de venda de comida e bebida concessionados pela organização das festas e dispostos na Avenida Kopke e no Largo Dr. Manuel Carreiro, vão ser utilizados apenas artigos de papel e biodegradáveis”.

Mas, confrontados com a medida a pouco mais de uma semana do início das festas, os profissionais da restauração tiveram dificuldades em dar seguimento ao anúncio divulgado pela Câmara.

“Fomos chamados à atenção por causa dessa ação de sensibilização para o plástico e decidimos começar já nas festas do Santo Cristo, só que, ao fim de contas, isso foi uma decisão uma semana e meia antes das festas e o facto é que o mercado não estava preparado”, lamenta João Paulo Costa, proprietário do restaurante Aroma das Ilhas, que tem um espaço no Largo Dr. Manuel Carreiro.

O responsável explicou à Lusa que, dos cerca de dez mil pratos descartáveis que comprou para garantir o serviço, à volta de 4.500 são de materiais biodegradáveis, ressalvando que conseguiu garantir artigos biodegradáveis para servir café, usando copos de cartão e palhetas de madeira.

João Paulo Costa elogia, no entanto, as condições oferecidas pela autarquia para a separação de lixo, que garantem que todos os materiais são separados de forma adequada.

O cenário traçado por João Pereira, dono do restaurante José do Rego, é semelhante, tendo o empresário adiantado que conseguiu assegurar que 70% do material utilizado para servir durante as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres fosse biodegradável.

Esse material “não vai chegar até ao fim das festas, porque já não conseguimos comprar em mais lado nenhum”, assegurou.

Para garantir que os 30% de plástico que estão a ser usados são encaminhados para o sítio certo, como os copos de cerveja, por exemplo, têm uma pessoa responsável pela separação dos materiais.

Vinda de Évora, Francisca Garcia, responsável pelo restaurante O Lampião, traz consigo a loiça com que garante 70% do serviço durante as festas e a máquina para a lavar, recorrendo a utensílios descartáveis apenas para servir sobremesas e entradas.

“Se as pessoas começarem a usar loiça, acaba-se com o plástico”, considerou.

Ainda assim, admite que “as pessoas não estavam preparadas”, já que “não é com 15 dias de distância de um serviço que se consegue adaptar, numa ilha, ainda por cima”.

Para Francisca Garcia é preciso, antes de mais, “arranjar alternativas de qualidade” e lamenta que a “loiça biodegradável, que não se desfaça, custe muito dinheiro”.

A solução para acabar com os plásticos de uso único é simples, considerou: “para nós não usarmos, tem que deixar de ser vendido”.

Já para David Marques, que vende doces e licores de ginja, o plástico nunca foi um grande problema, uma vez que serve, essencialmente, em copos de chocolate, de vidro ou de barro, no caso dos licores, e os doces vêm embrulhados em papel.

Mas, para o pouco plástico que usa, não há ainda soluções, como no caso dos licores, que são servidos numa “dosagem que, neste momento, não permite trocar o copo de plástico pelo de cartão”, por não existirem no mercado.


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