Autor: Lusa/AO Online
“Levaram
cerca de oito meses para fazer uma intervenção de limpeza e remoção das
pedras no troço que liga o Cabo do Raminho à Mata da Serreta, quando
desde que houve a crise sísmica foi algo que a população exigiu e as
circunstâncias de há oito meses se mantêm exatamente iguais”, afirmou,
em declarações aos jornalistas, o deputado do PS eleito pela ilha
Terceira Luís Leal, numa conferência de imprensa.
Desde 14 de janeiro que a estrada principal entre as freguesias da Serreta e Raminho, no concelho de Angra do Heroísmo, está encerrada, devido a uma derrocada provocada por um sismo de 4,5 na escala de Richter, inserido na crise sismovulcânica em curso na ilha Terceira desde junho de 2022.
O Governo Regional lançou, a 26 de julho, o concurso para a conceção e construção da reabilitação do talude, que apresenta “sinais de instabilidade”, por um valor base de quatro milhões de euros.
Entretanto, o executivo adjudicou uma empreitada de desmatação e desmonte de rochas em talude, por cerca de 363 mil euros, que se iniciou na quarta-feira, por um período de 45 dias.
“Sem prejuízo de uma intervenção mais estrutural na estrada em causa, tornou-se necessário avançar desde já com uma contratação de emergência devido ao aumento significativo da atividade sísmica no perímetro do vulcão de Santa Bárbara, acompanhado de sinais de deformação radial, o que aconselha à abertura da via, para efeitos de criação de alternativas de acesso”, justificou o Governo Regional, em comunicado.
Para os dirigentes socialistas, “as circunstâncias de há oito meses eram exatamente as mesmas, se calhar até mais adequadas do que as atuais” para fazer a limpeza e remoção das pedras.
“Continua a existir a crise sísmica, continua a existir perigo para as pessoas e para as máquinas e na verdade o que houve foi uma grande falta de atuação do Governo dos Açores, que só reagiu a uma alta pressão das populações locais e dos partidos políticos”, alegou Luís Leal.
O deputado socialista acusou o executivo de “completa desconsideração” e de tentar iludir a população, porque as obras arrancaram nas vésperas da peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, na freguesia da Serreta.
“A faltar três dias para uma festividade que é muito marcante para toda a população, que envolve milhares de pessoas, é que há uma espécie de aproveitamento desta matéria e começam a surgir obras e começam a fazer parecer que trabalham”, criticou.
Luís Leal rejeitou ainda que o chumbo do Orçamento da região para 2024, motivo da realização de eleições antecipadas, em fevereiro, seja uma justificação para o atraso nas obras.
“Havia falta de aprovação do Orçamento, mas a verdade é que o Orçamento foi aprovado [entretanto] e as verbas continuam por injetar em vários setores da economia. É desculpa de mau pagador, na nossa modesta opinião”, sublinhou.
O parlamentar do PS apontou falhas à via alternativa àquele troço, alegando que oito meses depois da derrocada “continua por asfaltar, por ter luz e por melhorar”.
“Muitas pessoas têm de fazer cerca de uma hora e meia para se deslocar para o trabalho e as crianças para a escola; os comerciantes locais ficaram com enormes dificuldades em matéria de abastecimentos, os agricultores continuam por ver reivindicações relativamente aos muros que caíram durante a crise sísmica, houve promessas e até hoje nada”, salientou.
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