Bolieiro diz que chumbo é decisão “soberana” da Assembleia da República

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, considerou esta quarta-feira que o chumbo do Orçamento do Estado (OE) de 2022 é uma “decisão soberana” da Assembleia da República e que vai “manter prudência” na sequência da crise política.



José Manuel Bolieiro, que falava aos jornalistas no concelho de Velas, na ilha de São Jorge, onde se encontra em visita oficial, recusou que a situação na República provoque “uma afetação imediata” do Orçamento Regional dos Açores para 2022, que deve ser votado na Assembleia Legislativa em novembro, “tendo em conta o funcionamento em duodécimos relativamente do OE”, mas alertou para “consequências, por exemplo, em relação às propostas para a SATA quanto ao endividamento”.

“Obviamente que isso implica, o que estamos, aliás, a fazer, conhecer o evoluir das negociações com a União Europeia para o plano de reestruturação da SATA e, depois, ter as negociações com a República e ver qual é o figurino do novo Orçamento do Estado, já no quadro de um novo governo, como se antevê, após [eleições] legislativas nacionais”.

Para o chefe do executivo açoriano, o cenário de crise política “no imediato, não interfere” com a Região Autónoma “porque as transferências serão feitas por via dos duodécimos”.

Contudo, “tendo em conta a previsão que a Lei de Finanças das Regiões Autónomas determinou para as transferências relativas a 2021, sim, pode ser benéfico para a região”.

“Isso não coloca uma situação de imprudência, mas de reforço, porque depois haverá acerto de contas com o próximo Orçamento do Estado”, observou.

Questionado sobre se a crise política terá reflexos na região, Bolieiro referiu que “por parte deste Governo, não, que está estável e consolidado”.

“No quadro parlamentar, cada um assume as suas responsabilidades, estando o executivo sereno”, notou.

Já na qualidade de líder do PSD/Açores e sobre a disputa interna do partido entre Rui Rio e Paulo Rangel, José Manuel Bolieiro declarou que “as decisões dos órgãos nacionais é que vão ser pertinentes e determinantes nessa matéria”.

O parlamento ‘chumbou’ hoje a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) com os votos contra do PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, Chega e IL.

Na votação na generalidade, no plenário da Assembleia da República, o PS foi o único partido a votar a favor da proposta orçamental, que mereceu as abstenções do PAN e das duas deputadas não-inscritas, Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.

No total, 108 deputados votaram a favor, cinco abstiveram-se e 117 votaram contra.

O primeiro-ministro António Costa salientou que, na sequência do chumbo do Orçamento para 2022, no parlamento, o seu Governo se manterá em funções mesmo em regime de duodécimos, alegando que não vira as costas à adversidade.

Sobre a intenção já comunicada pelo Presidente da República de dissolver a Assembleia da República, Costa disse que, se houver eleições legislativas antecipadas, o PS lá estará “para prestar contas e mobilizar os portugueses para criar as condições de governabilidade que hoje deixarão de existir”.

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