Açoriano Oriental
Preço do "crude" pode levar a recessão mundial
A escalada extraordinária do preço do "crude" pode mergulhar o mundo numa recessão, alerta Noureddine Krichene, um analista do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Preço do "crude" pode levar a recessão mundial

Autor: Lusa / AO Online
    O analista aconselha a que não se subestimem os efeitos inflacionários da energia na altura de determinar a política monetária.

    Krichene assinalou que os altos preços do petróleo "não estão muito longe" de provocar uma recessão económica mundial", num estudo divulgado terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional na sua página de internet e intitulado: "Preços do Crude: Tendências e prognósticos".

    A instituição financeira considera um crescimento mundial de três por cento como "equivalente" a uma recessão, pois essa taxa implicaria uma contracção em países avançados importantes e uma grande desaceleração em nações como a China e a Índia.

    O organismo prognosticou em Abril que o mundo iria crescer 3,7 por cento este ano.

    Krichene crê que, a curto prazo, o petróleo não baixará. Atribui o salto do seu valor ao efeito "atrasado" de taxas de juro "excessivamente" baixas entre 2001 e 2004, que instigaram um alto crescimento económico mundial e uma maior procura de energia e de outras matérias-primas.

    As novas reduções do preço do dinheiro iniciadas pela Reserva Federal dos Estados Unidos em Agosto de 2007, face à debilidade da economia, "imediatamente causaram outra espiral de subidas dos preços das matérias-primas e de depreciação da moeda", afirmou.

    Esses altas de preço cimentaram as expectativas do mercado de que haverá "uma corrida de preços do petróleo".

    O preço do "crude" do Texas cotava-se terça-feira ao redor dos 130 dólares na Bolsa de Nova Iorque a meio do dia, depois de cair mais de dois dólares, em parte, pela valorização da divisa norte-americana.

    Em comparação, entre Janeiro de 2000 e Abril de 2003, o seu valor médio foi de 27 dólares, segundo cálculos de Krichene.

    "A persistência das tendências actuais culminaria em preços explosivos das matérias-primas e poderia ser insustentável", alertou o analista, uma vez que a subida do petróleo chega num momento de "debilidade" nos mercados financeiros, perdas nos bancos e um dólar que se deprecia.

    O perito, que trabalha para o departamento de África do FMI e foi assessor do Banco de Desenvolvimento Islâmico na localidade saudita de Jiddah, alertou para os efeitos nefastos da pressão inflacionista exercida pela energia sobre o nível dos preços.

    Neste contexto, os bancos centrais podem restringir a política monetária e causar uma recessão temporária ou arriscar-se a ter uma maior inflação, que também daria lugar eventualmente a una recessão, estima Krichene, juntamente com a desordem financeira e o descontentamento social.

    "A alta inflação pode abrandar o abastecimento de bens em geral, dado que o valor do dinheiro cai precipitadamente", disse.

    O FMI publica quase diariamente estudos dos seus peritos mas adverte que não representam as opiniões da instituição.
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