Açoriano Oriental
Finanças
Portugueses já poupam mais com receio da crise
Embora quase metade dos portugueses continue sem fazer qualquer tipo de economia mensal, alegando rendimento insuficiente, a crise “já está a mudar os hábitos de consumo” e a aumentar os níveis de poupança no país, segundo dados da Deco.
Portugueses já poupam mais com receio da crise

Autor: Lusa/AO online

“A crise está, sem dúvida, a mudar os hábitos de consumo dos portugueses e a obrigá-los a aumentarem os seus níveis de poupança. A nível da aplicação da poupança, está a reforçar ainda mais a já de si enorme preferência dos portugueses por produtos seguros: não querem correr riscos, mas para isso também estão a abdicar de um rendimento a longo prazo que tende a ser superior”, afirmou o coordenador da Proteste Poupança, João Sousa. Em entrevista à agência Lusa no âmbito do Dia Mundial da Poupança, que se comemora no domingo, o responsável Deco destacou os dados “alarmantes” do último Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, divulgados em outubro pelo Banco de Portugal, que “apontam que 48 por cento dos inquiridos não fazem qualquer poupança porque dizem não ter rendimento suficiente”. Ainda assim, João Sousa refere dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que dão conta de um aumento dos níveis de poupança dos portugueses em percentagem do rendimento disponível. “Este número passou de 6,4 por cento em 2008 para 8,8 por cento em 2009 e, este ano, o INE estima que ronde os 11 por cento, sendo que em 2011 a tendência deverá ser para manter este valor”, disse. “Quando há períodos de crise económica e de grande incerteza a tendência natural das famílias é precaverem-se um pouco mais para o futuro”, considera João Sousa, explicando que tal implica o “adiamento de alguns consumos adiáveis”, nomeadamente de bens duradouros como o carro, viagens, equipamentos para a casa e consumos ligados à educação. Depois da “grande explosão do crédito imobiliário e ao consumo” que marcou a segunda metade dos anos 90 e fez escalar o endividamento das famílias portuguesas, a Deco aponta um abrandamento desta tendência, mas alerta que os níveis de endividamento se mantêm elevados. Uma opinião partilhada pelo economista Silva Lopes, que sexta feira proferiu uma conferência no âmbito do Dia Mundial da Poupança e recorda que, “desde 1990, a queda da poupança em Portugal foi a mais forte de todos os países da OCDE”. Segundo disse à Lusa, “Portugal tem neste momento uma taxa de poupança nacional (envolvendo Estado, famílias e empresas) de 10 por cento” e “só a Grécia tem uma taxa de poupança nacional tão baixa”. Como consequência, “anda a endividar-se lá fora e é hoje, talvez, o país da Europa que tem mais endividamento externo em termos líquidos”. Uma situação que Silva Lopes considera ser “um dos problemas mais sérios na economia portuguesa”, mas que admite ser “muito difícil” de resolver no atual contexto económico.

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