Autor: Nuno Martins Neves
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima nos Açores (APAV) tem registado um aumento nos pedidos de apoio por violência doméstica, cerca de 20% relativamente a 2021. Os dados foram revelados por Raquel Rebelo, gestora do Gabinete de Apoio à Vítima de Ponta Delgada da APAV.
“Temos recebido mais processos de apoio, em relação ao período homólogo”, assinala a gestora, indicando que os números assemelham-se ao registado em 2019, antes da pandemia.
“A nível
qualitativo, podemos evidenciar que houve um aumento ao nível dos
pedidos de apoio comparativamente ao ano de 2021, de cerca de 20%.
Estaria aqui a dar uma média de 200 processos até outubro, mas é um
número que ainda não está totalmente apurado”, sublinhou.
A nível estatístico, continua a dominar o apoio a mulheres vítimas de violência doméstica. Quanto às pessoas idosas, tem aumentado o número de vítimas, principalmente nos casos em que os alegados agressores/as são os seus filhos.
Valores que, na sua opinião, justificam-se com o fim das restrições geradas pela Covid-19, o que levou as pessoas a terem mais disponibilidade para denunciar situações de violência, “mas também formas mais seguras de receber apoio, pois quando estavam confinadas muitas das vezes estavam com os alegados agressores/agressoras”.
Com a crise inflacionista ainda nos primórdios, Raquel Rebelo entende que pode ser um fator de risco para o surgimento de mais queixas, mas não é exclusivo.
Ou seja, “o fator económico não vem sozinho, vem associado a problemas familiares, situações onde a comunicação já não é saudável, formas de resolução de conflitos, estratégias de coping. Da nossa análise diagnóstica dos casos, o fator económico pode ser um fator de risco, mas não é o único”.