Açoriano Oriental
“O gosto pelos ralis já veio no meu código genético”

Max Salvador é um mariense de gema, que gosta dos ralis pelo convívio e pela amizade, mas que dentro do carro não deixa de ser um piloto rápido e consistente na procura do melhor resultado. A falta de apoios tem-no levado a fazer apenas o rali da sua terra, mas o desejo de fazer mais ralis mantém-se


Autor: Rui Jorge Cabral

Este ano, Max Salvador tem previsto correr pela primeira vez fora da sua ilha de Santa Maria no Rali Além Mar Ilha Lilás, que se disputa nas estradas de asfalto da ilha Terceira nos dias 28 e 29 de outubro, mas ainda não reuniu todas as condições para poder concretizar a sua presença na última prova do Campeonato dos Açores de Ralis deste ano.

Max Salvador é natural de Vila do Porto, em Santa Maria, tem 37 anos e é tripulante de cabine na SATA Air Açores. O seu pai, José Salvador, também foi piloto de ralis e, por isso, é com naturalidade que Max afirma que “o meu gosto pelos ralis já veio inserido no meu código genético”. Desde criança “estive envolvido nestas andanças”, recorda Max Salvador, afirmando que “muitos marienses têm o sonho de fazer o rali” da sua ilha. No caso de Max Salvador, a oportunidade surgiu através do convite do seu amigo e navegador de sempre, João Valente, tendo a estreia ao volante acontecido no Rallye Além Mar de Santa Maria, em 2012, com um Toyota Yaris, que terminou no 10.º lugar à geral, primeiro da sua classe.

“Senti-me nervoso, como acho que toda a gente se sente da primeira vez”, recorda o piloto mariense, salientando que nesse rali de estreia “fiz aquilo que achava que deveria fazer, que era fazer as coisas com cabeça em respeito por aquilo que não era meu”, uma vez que o carro era alugado “e sempre foi um dos meus objetivos trazer os carros inteiros ao fim, sendo os carros meus ou não”.

Em 2013, Max Salvador adquiriu o seu primeiro carro, um Citroën Saxo Cup e depois de mais alguns ralis com carros alugados, adquiriu no final de 2018 o seu atual e mais competitivo carro, o Citroën C2 R2 Max - um carro que curiosamente tem o seu nome e que o piloto chama carinhosamente de ‘Max ao quadrado’ - com que fez o Rallye Além Mar de Santa Maria em 2019 (com um 4.º lugar à geral, a sua melhor classificação no rali mariense) e neste ano de 2022.

Piloto rápido e consistente, Max Salvador seria seguramente um animador do Campeonato dos Açores de Ralis na competição dedicada às duas rodas motrizes (2RM), se tivesse possibilidades financeiras de fazer mais ralis, o que não aconteceu até hoje. Nas condições atuais, só tem sido possível ver Max Salvador correr no rali da sua terra, um dos mais populares do Campeonato dos Açores. “Feliz ou infelizmente só tenho feito ralis em Santa Maria”, começa por dizer Max Salvador: “felizmente, porque tenho a sorte de fazer os ralis em casa e infelizmente, porque sou eu que me abraço às contas e a falta de apoios é um entrave a quem gosta de praticar este desporto... Porque fazer mais provas sozinho, da minha algibeira, é completamente impossível, uma vez que o meu ‘porquinho mealheiro’ é feito apenas para o Rali de Santa Maria”.

Para fazer o rali mariense, Max Salvador leva consigo uma pequena equipa de amigos, com um ou dois mecânicos, considerando que a grande mais-valia do projeto neste momento é o carro, o Citroën C2 R2 Max, “que se faz acompanhar de um manual que só não explica a maneira de conduzir”, afirma o piloto em jeito de brincadeira. E é com base nesse manual e nas suas indicações, explica Max Salvador, que o carro é afinado no alinhamento da direção, na altura em relação ao solo ou nos ‘clics’ da suspensão, aspetos que, de outra forma, necessitariam de muitos quilómetros de testes, com despesas com pneus, combustível e mecânica que Max Salvador não tem possibilidades de realizar. Até porque, conclui o piloto, “o C2 não se costuma ‘benzer’ quando é para pedir material... Ele não pede licença e o material é muito caro”.

Dos vários Ralis de Santa Maria que já realizou, Max Salvador recorda o de 2016, que fez com um Peugeot 106 emprestado e terminou em 6.º lugar da geral, sendo pela primeira vez o melhor piloto mariense, bem como a estreia em 2019 com o Citroën C2 R2 Max e, sobretudo, o rali deste ano, “porque, uma semana antes, partimos o motor”, explica o piloto.

Max Salvador lembra também que chegou mesmo a dizer ao mecânico André Simas, da ilha Terceira, que tinha convidado para lhe prestar assistência durante o rali, que ele podia fazer na mesma a viagem a Santa Maria, mas só para ver a prova... Surpreendentemente, a resposta do seu mecânico foi: “sem fazer o rali tu não ficas, nem que eu tenha que desmontar o motor do meu carro para montá-lo no teu”! E foi assim, com ajuda do seu mecânico e da sua restante equipa de grandes amigos, que Max Salvador conseguiu fazer a prova e, mesmo com alguns problemas mecânicos, terminá-la como o melhor classificado entre as 2RM, um resultado que agradece à sua equipa “que deu mais do que o ‘litro’, como costumamos dizer, foram noites sem dormir à roda do carro para tentar deixar tudo a 100% e... Conseguimos”!


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