Autor: Lusa/AO Online
As previsões apontam para que em 2020, em relação a 2005, a incidência de diabetes tipo 1 duplique nas crianças com menos de cinco anos, disse à agência Lusa a endocrinologista Alice Mirante, da Sociedade Portuguesa de Pediatria, a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinala no domingo.
“Era um número nunca antes imaginado ser possível e que coloca um desafio muito grande aos médicos pediatras” e “exige uma estrutura de cuidados extremamente cuidadosa”, defende, por seu turno, o coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, José Manuel Boavida.
Alice Mirante acrescentou que o número de crianças com diabetes tipo 1 está a aumentar em todas as idades, nomeadamente nas crianças mais jovens, mas “é uma tendência que se verifica em Portugal e no resto do mundo”.
No entanto, salienta, “as crianças com diabetes tipo 1, especialmente as crianças com menos de cinco anos, são um grupo que nos merece a maior atenção”.
Segundo a médica, os fatores relacionados com esta doença são “múltiplos e englobam a suscetibilidade genética ligada às doenças autoimunes, bem como múltiplos fatores ambientais que levam à destruição autoimune das células beta do pâncreas produtoras de insulina”.
O papel da obesidade infantil ainda não está claramente definido neste tipo da diabetes, mas é fundamental na diabetes tipo 2, que está também a aumentar e em idades cada vez mais jovens, alerta a endocrinologista.
Um estudo realizado em 2009 pela Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, em parceria com a Plataforma Nacional Contra a Obesidade, revela que perto de um terço das crianças portuguesas entre os dois e os cinco anos estão em estado de pré-obesidade ou obesidade.
Quanto às medidas que podem ser tomadas para evitar o aparecimento da diabetes tipo 1, Alice Mirante disse que “são difíceis de definir dada a natureza multifatorial da doença”, mas estão em “ampla e intensa investigação”.
“Em todas as crianças, e em particular as crianças com menos de cinco anos, a terapia com infusão subcutânea contínua de insulina (bombas infusoras de insulina) é o tratamento ideal desde o início da doença”, explicou.
Em Portugal, à semelhança do que sucede noutros países europeus, devem ser equacionadas medidas para possibilitar a introdução deste tratamento desde o início da diabetes na criança, defendeu Alice Mirante.