Açoriano Oriental
Nova disposição dos cabos submarinos que “prejudica” São Miguel

A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada alertou que a configuração proposta para os novos cabos submarinos “prejudica gravemente o potencial socioeconómico” de São Miguel, porque a ilha fica sem ligação direta ao continente.

Nova disposição dos cabos submarinos que “prejudica” São Miguel

Autor: Lusa

Em comunicado, a associação representativa dos empresários micaelenses considera “muito preocupante” que se realize uma “alteração estrutural da configuração existente” dos cabos submarinos “sem “divulgar os estudos técnicos que a suportam”, lembrando que atual disposição “tem funcionado bem”.

“Uma opção sobre uma infraestrutura tão importante para o futuro do nosso desenvolvimento digital e socioeconómico deveria ser sujeita a avaliação técnica por especialistas externos e a um debate público sobre o assunto”, defende.

Em causa está o facto de o cabo submarino CAM (continente-Açores-Madeira) entrar primeiro na ilha Terceira, seguindo depois para a ilha de São Miguel, onde ligará ao cabo já existente para o arquipélago da Madeira.

Para a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, a nova configuração é uma “solução errada”, porque “prejudica” São Miguel, a ilha com a “maioria do tráfego e das infraestruturas digitais”.

Os empresários avisam que as “oportunidades de melhoria para alguma ilha em particular, não podem, em caso algum, ser concretizadas em prejuízo da situação atual de qualquer ilha”.

“Existem soluções alternativas que devem ser adotadas, que melhoram o sistema sem prejudicar nenhuma ilha, ao contrário do que acontece com a proposta que veio a público e que prejudica gravemente o potencial socioeconómico de São Miguel”, critica.

A associação empresarial das ilhas de São Miguel e Santa Maria defende ainda que o objetivo da configuração dos cabos submarinos deve “assentar na minimização de riscos” e na “otimização da operação”.

A Câmara do Comércio de Ponta Delgada expressa também preocupação com a situação do anel de ligação entre as ilhas açorianas, uma vez que a sua substituição não está prevista no processo de instalação dos novos cabos submarinos entre o arquipélago e o continente.

Em 13 de janeiro, o Chega/Açores pediu esclarecimentos ao Governo Regional sobre o “desvio” para a ilha Terceira da principal ligação de cabos submarinos à região, questionando se a ilha de São Miguel perderá a ligação submarina direta a Lisboa.

Em requerimento, o deputado e líder do Chega/Açores, José Pacheco, salientou que São Miguel “concentra mais de metade da população (56%) e é o motor económico dos Açores com 58% do PIB” (Produto Interno Bruto), questionando se a ilha ficará “prejudicada ou poderá perder competitividade com o facto de deixar de ter a ligação direta ao continente”.

Três dias depois, o presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo disse que a opção de ligar o cabo submarino do continente português à ilha Terceira foi “estritamente técnica”, acusando o deputado do Chega/Açores de “bairrismo”.


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