Segundo o governante, "a investigação científica relacionada com o mar e as muitas publicações de relevo produzidas ao longo de décadas pela Universidade dos Açores", assim como "a classificação de várias áreas marinhas protegidas por iniciativa da região autónoma", são dois exemplos dos contributos dos Açores para a implementação de uma nova estratégia para o Mar, para vigorar até 2030.

Para Ricardo Serrão Santos, há também uma outra atividade nos Açores que muito tem contribuído para a preservação e sustentabilidade da economia do mar, que é o património baleeiro açoriano, que representa um exemplo de "transposição do saber tradicional de uma atividade extrativa para uma atividade turística de observação de cetáceos".

"É um exemplo de sucesso reconhecido internacionalmente, de uma transição ecológica que garantiu a conservação da riquíssima cultura marítima associada à baleação", realçou o ministro do Mar.

O governante explicou, durante a apresentação nos Açores da Estratégia Nacional para o Mar, que o objetivo nacional para a próxima década é fomentar a economia azul sustentável e promover a criação de emprego, num quadro de um oceano saudável, sustentado no conhecimento científico.

"Num contexto de recuperação da nossa economia temos a oportunidade de visar uma mudança de paradigma. É fundamental descarbonizar a economia, desenvolver processos de produção mais limpos e tornar a economia mais circular, aumentando a sua eficiência no uso de recursos e de energia, e assegurar um aproveitamento sustentável dos recursos naturais", sublinhou Serrão Santos, que já foi eurodeputado pelo PS eleito pelos Açores.

No entender do ministro é necessário, por isso, apostar na inovação, na melhoria das condições de trabalho a bordo das embarcações de pesca, na reestruturação da frota e na sua renovação energética e digital, para prover a sua sustentabilidade económica e ambiental, em vez de apostar em mais embarcações e num aumento das quantidades pescadas e baixos preços em lota.

"Há mudanças de comportamentos, e paradigmas, numa sociedade, que não se conseguem só numa década", ressalvou o governante, acrescentando que é fundamental investir na educação e na literacia do oceano e procurar envolver a própria sociedade nesta transformação, em particular as crianças e jovens".

O secretário regional do Mar e das Pescas, Manuel Humberto São João, também presente na cerimónia, destacou, por outro lado, a importância da investigação científica nos Açores para a preservação dos recursos marinhos da região, adiantando que o executivo vai investir na aquisição de um novo navio de investigação para substituir" o barco Arquipélago.

"Pretende-se um navio que, em termos de equipamentos e capacidades, disponha de elevados padrões tecnológicos", realçou o governante, adiantando também a intenção de criar um centro experimental de investigação e desenvolvimento ligado ao mar, o Tecnopolo Martec, "que incluirá uma incubadora azul com particular incidência em áreas tradicionais e emergentes, como as pescas, biotecnologia marinha, recursos minerais ou tecnologias marinhas".

Os Açores foram a última região do país onde foi apresentada a proposta de Estratégia Nacional para o Mar, que está ainda a recolher contributos antes da sua publicação final.