“A ministra não está cansada, a ministra está preocupada com a dimensão que a greve vai ter”, respondeu Paulo Raimundo aos jornalistas, quando questionado sobre afirmações recentes da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Rosário Palma Ramalho, de que está cansada das greves terem razões políticas por trás.
Para o secretário-geral do PCP, “quanto mais a ministra fala, quanto mais o primeiro-ministro fala, quanto mais os defensores do pacote laboral falam e quanto mais os trabalhadores conhecem o conteúdo do pacote laboral - mais precariedade, mais regulação das horas de trabalho, mais despedimentos - quanto mais conhecem, maior vai ser a greve geral”.
Paulo Raimundo vincou que a ministra “está preocupada e tem razões para isso”, mas “tem uma forma simples de resolver a sua preocupação”: “retirar o pacote laboral de discussão, que não tem discussão possível”.
O secretário-geral do PCP falou aos jornalistas à margem de uma visita à Escola Secundária de Santa Maria, em Sintra, inserida na ação nacional “Outro rumo para o país. Rejeitar o pacote laboral, a exploração e as injustiças”.
Paulo Raimundo salientou a necessidade de valorizar a edução, os professores e as suas carreiras, bem como resolver o “problema dramático” da saída de professores do ativo em número superior ao de entradas.
“O pacote laboral é mau para todos os trabalhadores, inclusive para os professores”, defendeu Paulo Raimundo.
A greve geral de 11 de dezembro foi anunciada pelo secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, no final da marcha nacional contra o pacote laboral, em 08 de novembro, que levou milhares de trabalhadores a descer a Avenida da Liberdade, em Lisboa, em protesto contra as alterações propostas pelo Governo de Luís Montenegro.
Dias depois, a UGT aprovou por unanimidade a decisão de avançar em convergência com a CGTP, incluindo, assim, o voto favorável dos Trabalhadores Social-Democratas (TSD).
Esta será a primeira paralisação a juntar as duas centrais sindicais, desde junho de 2013, altura em que Portugal estava sob intervenção da 'troika'.
As alterações previstas na proposta que o Governo apresentou em 24 de julho como uma revisão “profunda” da legislação laboral, e que preveem a revisão de mais de uma centena de artigos do Código de Trabalho, visam desde a área da parentalidade (com alterações nas licenças parentais, amamentação e luto gestacional) ao trabalho flexível, formação nas empresas ou período experimental dos contratos de trabalho, prevendo ainda um alargamento dos setores que passam a estar abrangidos por serviços mínimos em caso de greve.
