Envergando t-shirts e bonés vermelhos, a cor da "revolução pacífica bolivariana", com as palavras "PSUV" (Partido Socialista Unido) e "sim" impressas de forma bem visível, os milhares de “chavistas” marcharam desde o Parque del Este até à Avenida Bolívar, no centro da cidade de Caracas, onde se prevê que ao final da tarde de hoje o presidente Hugo Chávez faça um discurso.
A "maré vermelha" dos simpatizantes do presidente da Venezuela foi precedida por três dias de marchas e protestos de opositores à reforma constitucional em diferentes cidades do país, tendo havido denúncias de excessiva repressão policial em várias ocasiões.
A Assembleia Nacional da Venezuela aprovou e entregou ao Conselho Nacional Eleitoral, na última sexta-feira, a versão final do projecto de reforma da Constituição, que contempla a emenda de 69 artigos, 33 das quais por proposta de Chávez.
A reforma constitucional será submetida a referendo no próximo dia 02 de Dezembro, sendo apresentada aos eleitores dividida em dois blocos.
O primeiro é composto por 46 artigos: os 33 que Hugo Chávez propõe mudar e outras 13 alterações introduzidas pelos deputados.
Este pacote inclui mudanças que causaram forte polémica, como a reeleição presidencial indefinida, o alargamento para sete anos do mandato do chefe de Estado, o fim da autonomia do Banco Central e a introdução de novos conceitos de propriedade pública, social (comunal ou estatal), colectiva e privada, passando esta última a estar limitada ao uso e consumo.
Este conjunto de mudanças contempla ainda uma nova geometria do poder baseada em distritos, municípios e territórios federais; a criação de distritos insulares em que a unidade política primária assenta em cidades formadas por comunas ou células geo-humanas; a atribuição ao Presidente da República de poderes para decretar regiões especiais militares com fins estratégicos de defesa em qualquer parte do território; e a transformação das Forças Armadas Nacionais num organismo "essencialmente patriótico, popular e anti-imperialista".
Com estas alterações, o chefe de Estado passa também a ter poderes para criar confederações de repúblicas e empresas nacionais, e estipula que os princípios socialistas e humanistas regerão o regime económico venezuelano.
O segundo bloco de alterações inclui 23 artigos que, entre outras coisas, limitam as garantias processuais e a liberdade de informação se for decretado o estado de sítio.
Os partidos políticos opositores, a Igreja Católica e os empresários argumentam que a reforma "acaba com a democracia" e outorga "poderes imperiais" a Hugo Chávez para "se eternizar no poder".
Milhares de apoiantes de Chávez nas ruas de Caracas para apoiar reforma constitucional
Milhares de simpatizantes de Hugo Chávez saíram hoje às ruas de Caracas para manifestar apoio à reforma de 69 artigos da constituição venezuelana, que passará a permitir que o Presidente se recandidate ao cargo quantas vezes quiser.
Autor: Lusa / AO online
