Autor: Lusa/AO online
"Tive o sentimento de alguém que se sente vexado pela imagem projetada por Portugal no Mundo. Vexado porque Portugal é uma potência, nomeadamente no futebol profissional, e vexado pela gravidade do que aconteceu", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa em Leiria.
Na terça-feira, um grupo invadiu a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediu futebolistas e equipa técnica do clube de Alvalade.
Marcelo Rebelo de Sousa frisou que as reações que teve "de fora" foram no sentido de o sucedido em Alcochete serem "acontecimentos graves" que não se podem "normalizar ou banalizar".
"Sob pena de permitirmos escaladas que são más para o desporto português e são más para a sociedade portuguesa como um todo", enfatizou o Presidente.
Marcelo considerou necessário travar a escalada [de violência]: "Se não é travada agora, então quando for, mais adiante, é por meios mais drásticos e penosos. E todos queríamos evitar isso".
"Para mim, uma coisa é óbvia: é que não podemos fazer de conta. Nós, portugueses, somos muito bons a fazer de conta, fazer de conta que o que é grave não é grave e que aquilo que é anormal é normal. Fazer de conta que é um caso isolado. E não há um clima como há sempre relativamente a atividades potencialmente ou alegadamente criminosas. Sobretudo coletivas", disse o Presidente da República.
O chefe de Estado afirmou ainda que a invasão da academia do Sporting, concretamente a atuação coletiva de um grupo de pessoas, "não é uma realidade isolada, como nunca é a atividade criminosa", e tem um contexto em Portugal
"E aqui o contexto conhecemo-lo bem, que é o aumento da violência no desporto português, sobretudo no futebol profissional. Isso já motivou intervenções várias, de responsáveis do setor, do Governo e até um debate na Assembleia da República, prova de que o problema existe, senão não tinha merecido a atenção de órgãos de soberania", argumentou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Governo também já repudiou os incidentes na Academia do Sporting, em Alcochete, que considerou atos de vandalismo e criminosos.
Numa declaração conjunta da secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, e o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, o Governo confirmou a detenção de 21 presumivelmente envolvidos.