Autor: Carolina Moreira
O Coordenador do Departamento de Investigação Criminal dos Açores da Polícia Judiciária (PJ), Renato Furtado, alertou para o incremento do cibercrime “feito à medida” das pessoas visadas, com base em informações confidenciais, e apelou à redundância, isto é, à confirmação antes de agir, e ao investimento na literacia digital.
Em declarações ao Açoriano Oriental, à margem das VIII Jornadas dos Açores contra a Violência, organizadas pela APAV Açores em Ponta Delgada, Renato Furtado alertou para a necessidade de a população ter “princípios de atuação” com vista à sua proteção contra cibercriminalidade.
“A cibercriminalidade visa sobretudo lesar o nosso património para enriquecer as organizações, os grupos ou as pessoas que estão a praticar isto. E nós temos que perceber que estratégias são as melhores para ultrapassar esta questão”, considerou.
O Coordenador da PJ nos Açores ressalvou que, regra geral, os criminosos optam por “empobrecer” os visados através de situações de “grande urgência, em que temos que agir de imediato sob pena de ficarmos altamente prejudicados”.
“É geralmente neste tipo de abordagem que as pessoas ficam muito lesadas porque, ao pensarem que estão a impedir uma transação que está iminente, na verdade podem estar a validá-la”, alertou.
Segundo Renato Furtado, “o que temos que fazer nessas situações em que somos abordados de uma forma digital, com sentido de urgência, é não agir de imediato, ter redundância, ou seja, confirmar através de outros meios antes de agir”, considerou, salientando que “temos que partir do princípio da desconfiança”.
O responsável pela PJ alertou ainda para o aumento das burlas “tailored fit”, ou seja, feitas à medida dos visados, uma situação que tem beneficiado do desenvolvimento da inteligência artificial e que é “altamente perigosa” devido à sua “credibilidade”.
“Com a questão da inteligência artificial, estas organizações criminosas podem obter, através de acessos ilegítimos, a nossa informação nos telemóveis, computadores, e ter acesso ao nosso perfil de consumidor. Assim, passamos a receber investidas e ataques direcionados para os nossos gostos e a probabilidade de abrir aquele email porque é uma coisa de que gostamos é muito maior e acabamos burlados”, explicou.
Nesse sentido, Renato Furtado considera que a melhor forma de combater o cibercrime e promover a cibersegurança é através da literacia digital.
“Temos de saber os perigos, estar atualizado e depois ter alguma redundância de atuação e não agir de imediato nessas situações inopinadas”, aconselhou.