Ucrânia

Kremlin rejeita trégua alegando querer paz duradoura

A presidência russa (Kremlin) rejeitou uma trégua nos ataques a infraestruturas de energia proposta pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e reiterou que o líder russo, Vladimir Putin, tem exigido repetidamente eleições presidenciais no país vizinho



“Trabalhamos pela paz, não por uma trégua”, disse o porta-voz da presidência, Dmitry Peskov, na sua conferência de imprensa diária.

Para Moscovo, a “prioridade absoluta” é garantir uma “paz duradoura” através da assinatura dos “documentos correspondentes”, adiantou Peskov respondendo à proposta que Zelensky fez durante a sua visita a Roma.

Para a Rússia, uma declaração de cessar-fogo serviria apenas para dar ao exército ucraniano uma pausa para se rearmar e reforçar as suas posições.

Em relação às eleições na Ucrânia, a que o Presidente norte-americano, Donald Trump, aludiu, o porta-voz russo admitiu que Moscovo “ainda não teve tempo para discutir” o assunto com Washington.

“A declaração é muito recente. Foi sobre isso que o Presidente Putin falou. E foi sobre isso que o Presidente Trump falou recentemente. Veremos como os acontecimentos se desenrolam”, referiu.

Putin determinou, no final de novembro, que seria “praticamente impossível, do ponto de vista legal”, chegar a um acordo com a Ucrânia, alegando que Zelensky perdeu a sua legitimidade por não ter convocado eleições quando o seu mandato expirou, em maio de 2024, algo que, argumentou, a Rússia fez.

Zelensky manifestou, na terça-feira, em Roma, a sua disponibilidade para introduzir reformas na legislação ucraniana para realizar eleições antes do fim da guerra, mas pediu garantias de segurança aos Estados Unidos e aos seus aliados europeus.

“Estou a pedir agora, e digo-o abertamente, que os EUA me ajudem. Juntamente com os nossos parceiros europeus, podemos garantir a segurança necessária para a realização das eleições. Se isso acontecer, a Ucrânia estará pronta para organizar eleições dentro de 60 a 90 dias”, afirmou Zelensky, depois de se reunir em Itália com a primeira-ministra daquele país, Giorgia Meloni.

Zelensky assumiu o cargo em 2019 e o seu mandato de cinco anos expirou a 20 de maio de 2024, quando foi automaticamente prorrogado, uma vez que a Constituição ucraniana proíbe a realização de eleições enquanto a lei marcial estiver em vigor.

Trump disse, numa entrevista divulgada esta semana, que a administração Zelensky está a “usar a guerra para evitar a realização de eleições”.

“Não sei quem ganharia, mas não há eleições há muito tempo. Sabe, falam de democracia, mas chega a um ponto em que deixa de ser democracia”, acrescentou, repetindo textualmente a posição russa.


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