Açoriano Oriental
Investigadores desaconselham ingestão de água nas lagoas do Pico

Os investigadores do Instituto de Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR) da Universidade dos Açores desaconselham a ingestão de água diretamente das lagoas da ilha do Pico, após um estudo que revela libertação de gases daquelas massas de água

Investigadores desaconselham ingestão de água nas lagoas do Pico

Autor: Lusa/AO Online

“Não é aconselhável beber diretamente aquela água”, advertiu César Andrade, um dos autores de um estudo realizado às lagoas do Capitão e do Caiado, agora revelado, e que permitiu quantificar a quantidade de emissões de dióxido de carbono e de metano que ali são libertadas para a atmosfera.

Para este investigador do IVAR, embora estas lagoas sejam utilizadas para abastecimento público à população, na ilha do Pico, a sua ingestão diretamente das lagoas não é aconselhável porque as margens das lagoas são utilizadas pela pecuária e porque a água deve ser previamente tratada antes de servir para consumo humano.

“A população é abastecida daquelas lagoas, sim, mas a água atravessa um processo de tratamento microbiológico e químico até chegar à torneira das casas, e só aí é que é aconselhável para consumo”, esclareceu César Andrade, adiantando que a libertação de gases verificada nas lagoas, “não constitui qualquer risco” para a saúde das pessoas, nem dos animais.

As medições realizadas pelos investigadores da Universidade dos Açores ao longo de várias campanhas e em diferentes estações do ano indicam que, apesar destes lagos terem origem vulcânica, as emissões de gases com efeito de estudo, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), têm origem biológica.

“Foi a primeira vez que se conseguiu determinar a libertação de metano em lagos, aqui nos Açores. O dióxido de carbono (CO2) é o gás dominante, com fluxos duas a três ordens de grandeza superiores ao metano (CH4), mas ainda assim importa referir que o metano merece especial atenção porque tem um potencial de aquecimento global 27 vezes maior do que o CO2”, esclareceu César Andrade.

O estudo realizado pela Universidade dos Açores, pretendia também perceber o impacto que este tipo de massas de águas, como é o caso das lagoas - comuns em várias ilhas açorianas -, podem ter nas alterações climáticas.

“Estes resultados ajudam a perceber o papel dos lagos dos Açores no ciclo do carbono, e nas possíveis alterações climáticas que estão a ocorrer, como também mostram o estado ecológico dessas massas de água e como podem influenciar, fortemente, a libertação de gases com efeitos de estufa”, indicou o investigador açoriano.


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