Autor: Lusa/AO online
"Temos presos políticos, pessoas que cumprem penas longas", afirmou Jorge Serpa, bispo de Pinar del Rio, numa entrevista publicada na revista Palabra Nueva, uma publicação da arquidiocese de Havana.
A admissão colide com a posição do governo cubano, que nega a existência de presos políticos na ilha e considera delitos de direito comum os cometidos pelos dissidentes ou membros da oposição, designando-os como distúrbios da ordem pública ou insultos.
Na entrevista, Jorge Serpa, responsável da Comissão Pastoral Penitenciária da Igreja Católica em Cuba, acrescenta que existem "pessoas a cumprir 47, 40 anos de prisão".
"No meu grupo, há sete condenados a prisão perpétua e alguns deles são (presos) políticos", adianta.
De acordo com o bispo, as cerca de 250 prisões cubanas não têm capelas, mas há 10 anos que os sacerdotes podem dar apoio religioso aos prisioneiros que o solicitem.
Em meados do corrente mês, o procurador-geral de Cuba, Darío Delgado, assegurou que nenhum prisioneiro político estava detido na ilha, mas apenas "dissidentes autoproclamados", apoiados por "organizações contrarrevolucionárias".
A Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional - organização proibida mas tolerada pelas autoridades - diz existirem cerca de 60 "prisioneiros de consciência" em Cuba, mas organizações como a Amnistia Internacional não confirmam o número.
Os EUA e Cuba iniciaram há um ano uma reconciliação histórica, após mais de 50 anos de um conflito herdado da Guerra Fria, tendo reatado relações diplomáticas e encetado negociações sobre imigração, direitos humanos e a luta contra o tráfico de droga.