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Hugo Garcez Coelho: “A nossa casa são as nove ilhas, e é com muito orgulho que chegamos a todas”

A sua entrada na Yoçor trouxe uma nova e jovem abordagem a um negócio familiar que, para ele, é trabalho e casa, dois pilares que têm na base uma constante vontade de fazer mais e melhor

Hugo Garcez Coelho: “A nossa casa são as nove ilhas, e é com muito orgulho que chegamos a todas”

Autor: Made in Açores

Qual foi a sua principal motivação quando decidiu trazer algo de novo a um negócio familiar?

Desde criança, sempre me inspirei em todo o esforço que foi feito sobre um produto tão emblemático e uma marca muito importante na região como reconheço que é a Yoçor. Do meu ponto de vista, a postura da empresa acabou por ser marcar a diferença na forma como se apresenta os lacticínios nos Açores. Reconheço as dificuldades que houve nessa implementação e isso faz-me ter ainda mais respeito pela marca. Este foi, desde logo, um fator que sempre me motivou a querer ajudar. Assumo também que o meu sentido de família é bastante apurado e que isso também tem grande importância. Por isso, quando me pediram para colaborar, trazendo o meu conhecimento teórico e académico, senti logo que ajudar era a minha missão.


Trabalhar com pessoas que lhe são tão próximas é desafiante?

Quando existe uma relação fora do trabalho, particularmente quando se trata de família, esses laços serão sempre preponderantes e sobrepõem-se ao trabalho. Há que haver uma barreira bastante definida e algum respeito, independentemente das relações ou da familiaridade que existe. Não é nada fácil e, por vezes, sacrifica-se muita coisa para fazer o melhor pelos projetos, o que acaba por ter consequências nas nossas relações pessoais. Mas, no final de contas, estas ligações são também um motivador extra para darmos o nosso melhor. Tenho a consciência que não é assim em todas as empresas. Há quem não tenha estas preocupações e acaba por ser mais relaxado no seu trabalho porque está tudo em família e não existe uma pessoa externa a fazer pressão. Não é o meu caso. Para mim, trabalhar com a minha família inspira-me e transmite-me um sentido de missão ainda maior.


Como foi este processo de introduzir ideias novas num negócio já consolidado?

Ter duas gerações completamente díspares, sem qualquer tipo de geração pelo meio, na gestão da empresa foi, desde logo, muito interessante. Houve esse contraste entre uma pessoa com muito mais idade e experiência, e uma pessoa completamente nova. Esta relação do conhecimento teórico com o conhecimento prático foi muito importante no meu desenvolvimento. Ao longo dos anos, tornei-me cada vez mais sozinho nestas decisões, mas hoje estou a trazer novamente a família aos negócios. Em comum entre nós há a vontade de querer levar a marca ainda mais além do que já era. Isso materializou-se numa alteração da imagem, adaptação da oferta ao mercado e às novas tendências de consumo. Na verdade, só faltava mesmo encaixar a sua reconhecida fórmula e qualidade dentro daquilo que são as exigências do mercado no momento. É desta forma que continuamos a crescer até aos dias de hoje.


Quais as perspetivas para 2025?

Será, sem dúvida, um ano de remodelações. Queremos continuar a seguir as tendências de consumo e, por isso, vamos expandir algumas das gamas que têm apresentado bons resultados, como os grandes formatos, em tamanho familiar. Vamos também fazer alguns retoques na forma como comunicamos, quer a nível de imagem, quer mesmo a nível de marketing. A forma distinta como o produto é feito é uma informação que tem de passar ao consumidor. Não podemos simplesmente assumir que reconhecerá a marca apenas pelo sabor. Hoje em dia, é muito importante essa relação com o produto, a sua origem. Há que saber relacionar a parte humana e apresentar um produto que seja um companheiro do consumidor e que este tenha orgulho em escolher. Por isso, não só queremos apresentar um produto mais bonito, mais relacionado com o sítio de onde vem e com as novas tendências, mas também transmitir os nossos valores, tendo em consideração aquelas que são as preocupações de hoje em dia.


A que preocupações se refere?

Refiro-me, por exemplo, a questões ambientais, algo que tem ganho importância na nossa lista de prioridades. Já em 2022 fizemos um grande investimento para eliminar os combustíveis fósseis da nossa produção. Voltaremos a fazer um grande esforço a esse nível no próximo ano, com um investimento em veículos elétricos para a distribuição. Somos também sensíveis à questão do plástico, mas não vamos contra ele. Optamos por pegar em matérias recicladas e fazer os nossos produtos dessas matérias. Dando um exemplo concreto, estamos a alterar as nossas garrafas de polietileno (PE) para Polietileno tereftalato (PET), portanto, vamos fazer uma alteração na tipologia do material. Temos vindo a sensibilizar os produtores e os nossos fornecedores para adotarem também estas políticas e alguns deles já estão a fazer este esforço para atingirmos a meta de termos um material 100% reciclado. É interessante porque, apesar de estarmos a falar de material reutilizado, ele é mais caro do que o normal. Apesar disso, creio que cabe a todos, particularmente à indústria, dar os bons exemplos no ponto de vista ambiental. E obviamente que, no comportamento do consumidor, apelamos a que as pessoas também tenham essa sensibilidade. A meu ver, não se trata apenas de ficar bem na fotografia mas de assumir uma responsabilidade, de nos sentirmos bem com o que fazemos.


O que entende ser precisamente essa imagem de marca da Yoçor?

Somos reconhecidos por várias razões, e o facto de sermos dos Açores é um deles. Para além de termos esse reconhecimento fora do arquipélago, temos sempre o objetivo de nos mantermos como uma marca de referência de iogurtes para os açorianos. São Miguel é o lugar onde produzimos, onde vamos buscar o nosso leite, mas a nossa casa são as nove ilhas, e é com muito orgulho que chegamos a todas. Queremos continuar a crescer e a estar mais presentes em cada uma delas, e nunca deixaremos de fazer um esforço extra para que isso aconteça.

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