Autor: Lusa/AO On line
O estudo "Prevalência de obstrução numa população exposta ao fumo do tabaco - Projecto PNEUMOBIL", que decorreu entre Maio de 2007 e Maio de 2008, envolveu 5324 fumadores e ex-fumadores em Portugal continental e teve como objectivo avaliar a prevalência dos sintomas respiratórios, nomeadamente da DPOC, cujo dia mundial se comemora quarta-feira.
No conjunto dos inquiridos - a quem foi realizada uma espirometria (exame médico que permite verificar se existe obstrução ao fluxo de ar) - a mediana da idade em que termina a exposição tabágica são os 48 anos nos homens e os 45 nas mulheres.
Em média, actualmente, cada fumador consome 18 cigarros por dia. No entanto, a média ao longo de toda a vida de exposição ao tabaco é de 22 cigarros diários, refere o estudo, a que a agência Lusa teve acesso.
A coordenadora do estudo, Cristina Bárbara, disse à Lusa que “uma elevada percentagem de fumadores e ex-fumadores com mais de 40 anos têm sintomas respiratórios e apresentam alterações na sua função respiratória”.
Para a pneumologista, é preocupante a idade média de iniciação tabágica (17 anos) porque acontece numa fase da vida em que o pulmão ainda está a crescer, não tendo atingido ainda a função respiratória máxima.
Estes dados indicam que têm de ser criadas “mensagens apelativas para a população mais jovem no sentido de ela não iniciar o hábito de fumar”, salientou.
Outro “dado assustador” foi ter-se detectado em cerca de 25 por cento dos inquiridos obstrução brônquica e, destes, 95 por cento desconhecerem que tinham a doença.
“A doença, apesar de ter alguns sintomas, como a tosse e a expectoração, tem um percurso silencioso para o doente e para o médico”, disse Cristina Bárbara, considerando que “há um insuficiente diagnóstico” da doença. Segundo o estudo, menos de um por cento dos inquiridos referiam ser doentes.
A médica alertou que a DPOC é uma “doença incapacitante que urge um diagnóstico precoce, de modo a atrasar o declínio da função respiratória, as limitações na actividade profissional e a melhoria da qualidade de vida”.
Em mais de 80 por cento dos casos, é o médico de família que assegura o acompanhamento do doente, refere o estudo, acrescentando que cerca de metade dos inquiridos ainda mantém hábitos tabágicos.
Em Portugal, a DPOC atinge cerca de 10 por cento da população, sendo actualmente a quarta principal causa de morte na Europa.