Autor: Lusa /AO Online
Em declarações à Lusa, Ricardo Rio (PSD), presidente da Câmara Municipal de Braga - uma das quatro finalistas com Aveiro, Évora e Ponta Delgada -, disse que foi proposto que se recuperasse o estatuto de Capital Nacional da Cultura, com o objetivo de garantir a concretização do grosso da programação prevista pelos três municípios que não ganharem a corrida para Capital Europeia da Cultura, que ocupariam esse título nos anos anteriores a 2027.
Em resposta a questões da Lusa, fonte oficial do Ministério da Cultura disse que o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, recebeu os presidentes das câmaras de Aveiro, Braga, Évora e Ponta Delgada, no dia 28 de julho, tendo sido “encontrado um modelo de financiamento destinado a apoiar a cidade vencedora, e que foi comunicado pelo Ministério da Cultura aos autarcas envolvidos”.
“Na mesma reunião, os presidentes de Câmara expressaram ao ministro da Cultura o seu interesse na existência de alguma forma de apoio às cidades derrotadas. Contudo, para o Ministério da Cultura essa é uma questão prematura, na medida em que ainda decorre o processo de seleção da cidade vencedora”, acrescentou o ministério.
Em declarações à Visão, Adão e Silva disse: "Independentemente da cidade anunciada como vencedora, podemos ter a expectativa de que as outras três cumprirão uma parte daquele que é o desígnio. Apoiaremos de igual modo a cidade vencedora, com 29 milhões de euros".
O presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), escusou-se a entrar em detalhes sobre o discutido na reunião de julho, mas afirmou à Lusa: “As quatro cidades entenderam fazer uma proposta no sentido de ‘bem, nós tivemos aqui quatro cidades a trabalhar intensamente, não é justo, havendo uma que ganhe se perca o trabalho das outras três’. Há possibilidades de, em termos nacionais, fazer o aproveitamento desse trabalho”.
“Deixámos a proposta, não vou adiantar muito mais do que isto, naturalmente. Deixámos a proposta ao ministro da Cultura e esperamos que o Governo possa olhar para o trabalho que foi desenvolvido por estas cidade, ganhe uma ou outra, [e que] todo o trabalho possa ser aproveitado em prol do país porque precisamos que o país dê um salto qualitativo a este nível”, acrescentou o autarca de Évora.
O presidente da Câmara Municipal de Aveiro, José Ribau Esteves (PSD), explicou à Lusa que a ideia seria que a atribuição do título de Capital Nacional da Cultura começasse em 2024 e rodasse entre as cidades finalistas para Capital Europeia da Cultura até 2027, devendo depois prosseguir a atribuição do galardão nacional com outras cidades que se viessem a candidatar.
Segundo o presidente da Câmara de Aveiro, a criação de Capital Nacional da Cultura deverá obedecer a uma lógica de partilha financeira entre o Governo e as autarquias.
“Cada uma das três cidades não eleitas Capital Europeia da Cultura seria Capital Nacional da Cultura em 2024, 2025 ou 2026, beneficiando de financiamento público para a concretização do seu programa”, realçou Ricardo Rio. “Como Portugal não voltará tão cedo a ser Capital Europeia da Cultura, penso que esta seria uma boa forma de continuar a dar relevo à cultura”, acrescentou.
A Lusa pediu também um comentário à candidatura de Ponta Delgada, mas não foi possível obtê-lo em tempo útil.
Em 2027, Portugal terá uma Capital Europeia da Cultura pela quarta vez, após Lisboa, em 1994, Porto, em 2001, e Guimarães, em 2012. Haverá ainda em 2027 outra Capital Europeia da Cultura na Letónia.
As quatro cidades que estão nesta fase final, escolhidas de entre 12 municípios candidatos, são Aveiro, Braga, Évora e Ponta Delgada.