Açoriano Oriental
Fé atenua dor de muitos peregrinos que rumam a pé ao santuário
Descalço, Orlando Santos, de 68 anos, evidenciava-se esta manhã entre os peregrinos que se encontravam na Capelinha das Aparições, no Santuário de Fátima, onde ao final do dia começa a peregrinação internacional.
Fé atenua dor de muitos peregrinos que rumam a pé ao santuário

 

“Subi toda a Santa Catarina da Serra em meias, desci para Fátima descalço”, afirmou à agência Lusa o peregrino de Ovar que, desde 2010, quando se reformou, ruma ao santuário a pé, numa viagem que diz ser “maravilhosa”.

Do cansaço, nem uma palavra, como se os 180 quilómetros que traz nas pernas não lhe tivessem provocado uma mazela sequer.

“Não custa. Não sei de onde vem a força”, desabafou o peregrino, que na sexta-feira arrancou de Ovar em direção a Fátima “por ter uma fé muito grande”.

À chegada ao santuário, no distrito de Santarém, nos rostos queimados pelo sol do grupo de 18 peregrinos onde se incluía Orlando Santos, caíam lágrimas de felicidade, por todos terem concluído a caminhada.

Orações, deposição de velas e cumprimento de promessas em joelhos são tarefas que se seguem para muitos dos fiéis que já se encontram no santuário.

Sérgio França, de 11 anos, saiu do Porto para cumprir a sua primeira promessa de joelhos.

“A minha avó teve um AVC [acidente vascular cerebral] e prometi fazer o percurso de joelhos, se ela recuperasse a fala e o andar”, contou à Lusa, na reta final da passadeira que percorreu acompanhado pela mãe, Sara França, de 52 anos.

Da comitiva familiar de dez pessoas, apenas Sara fez a pé os 200 quilómetros que separam o Porto do santuário.

Apesar da distância e do calor, assegurou que cumprir a promessa “não custou nada”. E o filho promete mesmo voltar “no próximo ano”, para agradecer mais uma graça, desta feita, “pedida pelo avô, que também teve um AVC”.

Há cinco dias em Portugal, as irmãs Nadine, de 50 anos, e Mariline, de 60, vieram propositadamente de França.

“Para pedir saúde, pela família e pela paz”, explicou Nadine, enquanto a irmã cumpria os últimos metros de joelhos até à capelinha.

“Temos muita fé em Nossa Senhora e fazer esta peregrinação era uma necessidade que sentíamos”, acrescentou.

Carregando uma imagem em cera da Virgem, Maria dos Anjos Fonseca, de 58 anos, cumpre pela 12.ª vez o ritual de “pagar uma promessa” feita há 13 anos quando a neta “estava para nascer”.

“O pedido foi atendido, correu tudo bem e temos uma neta de ouro”, afirmou, ao mesmo tempo que procurava a confirmação no olhar do marido, Abraão Fonseca, de 61 anos.

O casal, de Aveiro, acrescentou este ano em Fátima um pedido de mais saúde, acreditando que, “mais uma, vez será concedido”, prometendo que todos os anos regressarão ao templo para rezar.

De mais longe, Lurdes Dias, de 59 anos e emigrante no Canadá, estava desde a manhã acomodada no recinto, numa espécie de reserva de lugar para as celebrações.

“Estou aqui para ficar à beirinha para ver Nossa Senhora”, disse, sentada com a irmã a poucos metros do altar, no recinto, onde já outros peregrinos prenderam cadeiras às grades para garantir a melhor localização para assistir às cerimónias religiosas.

A peregrinação internacional aniversária de maio, 98 anos depois dos acontecimentos na Cova da Iria, começa às 18:30, na Capelinha das Aparições, presidida pelo cardeal arcebispo de Aparecida, no Brasil.

 

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