Autor: Lusa/AO On Line
“Criámos em três anos, a nível de unidades de internamento, 3930 camas, onde tratámos 44 569 utentes até ao dia 30 Novembro” e foram criados sete mil postos de trabalho, disse à Lusa Inês Guerreiro, coordenadora da Rede, a propósito do terceiro aniversário da criação da RNCC, que se assinala hoje.
O balanço é, por isso, positivo, já que foi preciso partir "praticamente do zero", mas há ainda há mil pessoas em lista de espera: “Há uma grande carência de resposta a esta população”, porque “este nível de cuidados não existia nem no Serviço Nacional de Saúde, nem na Segurança Social”.
“Havia hospitais que se destinavam à cura ou estabilização da doença e lares que recebiam pessoas que não tinham condições para estar em casa, mas não havia um nível intermédio de cuidados dedicado à readaptação das incapacidades e à reinserção das pessoas em casa”, justificou Inês Guerreiro.
Para a coordenadora da rede de cuidados continuados, são necessárias mais respostas, sobretudo, a nível do apoio domiciliário de saúde e de apoio social. Actualmente, estão em funcionamento 87 equipas de apoio domiciliário, uma em cada Agrupamento de Centros de Saúde, 19 das quais prestam cuidados paliativos.
“Houve um ganho muito grande, embora muito aquém do necessário até porque ainda estamos a um terço da construção da rede”, admitiu, sublinhando o esforço que está a ser feito para antecipar a conclusão da RNCCI para 2013, três anos antes do previsto com a criação de 10 mil camas.
A ministra da Saúde também reconheceu recentemente que há "atrasos e dificuldades a ultrapassar", nomeadamente a falta de camas, a carência de equipas nos ACES para apoio domiciliário e a ainda deficiente resposta aos doentes que necessitam de cuidados paliativos.
A rede procura dar respostas adequadas aos doentes que, por um lado, não beneficiam com a permanência no hospital, mas que, por outro, ainda não estão aptos para regressarem a casa, sendo o grande objectivo destes cuidados recuperar ou manter a autonomia do utente para a vida diária.
“Estamos numa Europa que já tem uma resposta destas quase há 30 anos e, portanto, nós com três anos pouco mais podemos fazer do que ser alvo de todas as críticas do que ainda não foi feito”.
“Olhemos para os três anos e orgulhemo-nos do que tem sido feito”, rematou.