Açoriano Oriental
“Campeonatos de cada ilha são o nível competitivo que deve merecer maior respeito”

O diretor Regional do Desporto, António Gomes, fala sobre o futuro alargamento de 10 para 12 clubes no Campeonato de Futebol dos Açores

“Campeonatos de cada ilha são o nível competitivo que deve merecer maior respeito”

Autor: Arthur Melo

Na ordem do dia está a discussão do alargamento do Campeonato de Futebol dos Açores de 12 para 10 clubes. Que implicações financeiras terá este alargamento para os cofres da Região?

Em primeiro lugar convém sempre alertar que as questões de desenvolvimento desportivo nunca podem ser equacionadas exclusivamente do ponto de vista economicista. Nem tão pouco reduzindo-as a uma mera discussão de número de equipas que em determinado momento participam, ou não, numa prova ou sequer ao seu modelo competitivo.

Não podemos esquecer que as condições para haver apoio por parte do Governo para a realização de um campeonato regional dos desportos coletivos num modelo de prova regular anual, constam do “Regime jurídico do apoio ao movimento associativo desportivo”, estabelecido em Decreto Legislativo Regional, como tal aprovado pela Assembleia Legislativa Regional e não tratam nenhuma modalidade de forma diferenciada.

Por isso a questão é muito mais vasta que uma simples discussão em torno de alargamento e uma eventual proposta de decisão tem necessariamente que passar por uma demonstração clara das vantagens a médio prazo e dentro do respeito dos princípios que têm norteado o nosso desenvolvimento desportivo, sendo que se assume em primeiro lugar que os campeonatos de cada ilha são o nível competitivo que deve merecer maior respeito, pois é aquele que se encontra à disposição de todos os açorianos através dos seus clubes.

As provas regionais (interilhas) e em particular aquelas que puderem ser disputadas como níveis fechados, têm que corresponder a um patamar superior de organização e serem o fruto dos filtros de qualidade desportiva, bem como corresponderem a uma valorização dependente dos níveis de prática anteriores. É preciso verificar se as condições de base em termos do número de equipas garantem de forma valiosa as provas de ilha e se existem indicadores que assegurem esse futuro.

De qualquer forma sempre se dirá que o valor médio anual do apoio ao campeonato de futebol dos Açores é de cerca de 540.000,00 euros o que significa que no caso de um eventual aumento do número de equipas para 12 e com cenários de distribuição por ilhas de origem semelhantes ao atual, o acréscimo rondará os 70.000,00 euros entre apoios às deslocações, majorações e prémios de utilização de atletas formados nos Açores.

No entanto e na hipótese extrema de dispersão e de as equipas terem origem das 6 ilhas que atualmente possuem prática de futebol federado (2 equipas de cada ilha), o valor poderia ascender a mais de 900.000,00 euros.


Os clubes e associações pretendem a implementação deste alargamento já na época desportiva 2019/2020. Esta pretensão é realista ou terá de ser adiada, atendendo a que esta é uma matéria que terá de ir a plenário na Assembleia Legislativa Regional dos Açores?

Não creio, que no momento, o cenário da próxima época sequer se coloque.

A questão fundamental é mesmo apreciar e ponderar as condições de desenvolvimento que o futebol apresenta e o que nos orientam os seus indicadores para o futuro.

Perceber qual o contexto nacional de desenvolvimento que o futebol, através da sua Federação pretende para o País e como assumir que nos Açores desenvolvemos o nosso futebol respeitando as nossas características arquipelágicas, sociais e económicas, contribuindo para a afirmação no todo nacional, mas sem perder de vista o grande desafio de que o desporto seja um contributo para a qualidade de vida da nossa população.




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