Açoriano Oriental
Burocracia e falta de apoios públicos limitam investidores em ‘startups’

A burocracia e a falta de apoios públicos estão entre os principais obstáculos aos investidores em ‘early stage’, ou seja, que querem apostar em ‘startups’ e outras em início de atividade, segundo a presidente da associação Investors Portugal.


Autor: Lusa/AO Online

Em declarações à Lusa, Lurdes Gramaxo, que lidera a Associação Portuguesa dos Investidores em Early Stage - Investors Portugal, deu conta das preocupações do setor, refletidas num barómetro realizado pela entidade.

“Há poucas iniciativas públicas de apoio ao ecossistema de uma forma sustentável e, por outro lado, as que existem são extremamente morosas”, indicou, criticando ainda a burocracia para lhes aceder.

Num barómetro, realizado pela associação, dos inquiridos, “oito em cada dez (79%) investidores portugueses em early stage estão insatisfeitos com as políticas públicas para o setor”, sendo que destes, “21% avalia muito negativamente a evolução destas medidas”, de acordo com informação enviada pela entidade.

Além disso, “mais de metade (53%) dos investidores revela que houve uma evolução negativa do mercado em Portugal nos últimos seis meses do ano passado e faz uma avaliação negativa quanto ao volume de capital investido no segundo semestre”, sendo que “face à execução do segundo semestre de 2023, 53% dos inquiridos está mais otimista quanto ao volume e à quantidade de novos investimentos a concretizar no primeiro semestre de 2024”.

No entanto, “relativamente às ‘startups’ participadas, mais de dois terços (68%) dos investidores espera dificuldades no levantamento de novas rondas de capital, sendo que, destes, 16% está muito pessimista quanto à evolução deste parâmetro no primeiro semestre deste ano”.

Segundo o barómetro, “mais de metade (58%) dos inquiridos conjetura uma evolução negativa das oportunidades de saída (‘exits’) na primeira metade de 2024 e mais de um quarto (26%) destes espera uma evolução muito negativa”.

Lurdes Gramaxo lamentou as “poucas iniciativas públicas de apoio ao ecossistema de uma forma sustentável”, salientando que “as que existem são extremamente morosas”.

“Uma das nossas preocupações na Investors Portugal é tornar este investimento em ‘early stage’ como uma classe de ativos interessante para investidores privados” e “atrair mais investidores para o ecossistema”.

Para isso, destacou, é preciso que o Governo “também olhe para isto como um ecossistema do futuro”, assegurando que “já representa cerca de 22.000 milhões de euros na economia portuguesa”.

A dirigente associativa disse que “há uma classe de investidores que está muito desprotegida neste momento, que são os ‘business angels’, que são fundamentais como o primeiro degrau da escada, muitas vezes da proximidade com as ‘startups’” e que “não estão contemplados em nenhuma medida de iniciativa de financiamento”.

Segundo Lurdes Gramaxo, “são investimentos normalmente de alto risco e de prazos demorados e não tem qualquer tipo de incentivo fiscal”, referiu, lamentando ainda a “falta de previsibilidade das medidas”.

A dirigente associativa apelou a medidas nos programas eleitorais para este setor, destacando o papel que tem na modernização do empreendedorismo.

O barómetro realizado pela associação foi levado a cabo entre outubro e dezembro do ano passado a uma amostra que representa cerca de 25% destes investidores.

A Investors Portugal representa fundos de capital de risco e veículos de investimento, assim como ‘business angels'. 


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