2008: UM ANO DE MUDANÇA

O ano que agora termina promete ficar para a história como o começo do fim de um ciclo que contribuiu de forma inequívoca para uma melhoria da qualidade de vida nos países tidos como desenvolvidos, embora agravando o fosso entre pobres e ricos.


O ano que agora termina promete ficar para a história como o começo do fim de um ciclo que contribuiu de forma inequívoca para uma melhoria da qualidade de vida nos países tidos como desenvolvidos, embora agravando o fosso entre pobres e ricos.
Se é verdade que nem todos os analistas aceitem que estamos a viver um final de ciclo, também é verdade que a maioria parece estar de acordo que o mundo está a passar por uma profunda fase de mudança. E um dos paradigmas que vai ter que mudar e que já está, de resto, a ser alvo de profunda discussão, é o do modelo económico; e se o modelo de base, de inspiração capitalista, não parece em risco de vir a ser abandonado, o mesmo já não se pode dizer dos mecanismos de regulação e de supervisão que, a avaliar  pelos cenários de quase colapso de muitas das principais instituições financeiras e, por arrasto, de diversas empresas, muitas delas gigantes multinacionais, falharam de forma absolutamente incrível.  Tal como é incrível que se tenham ignorado os primeiros sinais de que os mecanismos de regulação não funcionavam bem: alguém ainda se lembra do escândalo da Enron? E de quanto se falou na necessidade de adoptar novas regras contabilísticas e apertar os processos de regulação? Espera-se que desta vez, e aparentemente é o que está a acontecer, o medo, por vezes pânico, que a crise do subprime gerou e ainda gera um pouco por esse mundo fora, sirva de motivação para um repensar profundo do modelo económico e dos seus mecanismos de regulação.
Serve esta introdução para falar da economia açoriana, até agora relativamente protegida da tempestade que assola o exterior. As nossas empresas não são imunes às intempéries que vêm dos lados da Europa e das Américas, embora o reduzido peso que as exportações representam nos negócios dos nossos gestores tenham, como lado menos mau, uma reduzida exposição às mudanças de humor da economia global. Ainda assim, e por via dos apertos financeiros ditados pelo Banco Central Europeu, e pelos países exportadores de petróleo, o poder de compra nos Açores caiu e em consequência disso o comércio local também começa a ressentir-se. Com menos dinheiro no bolso e mais despesas fixas para pagar, os açorianos têm vindo a cortar no que consideram acessório. Esse é o outro lado da moeda: sem uma forte componente de exportação, o mercado açoriano vive alicerçado no consumo interno e nas verbas de Bruxelas. Um cenário que tem funcionado bem em tempos de prosperidade mas que pode rapidamente deixar muitas empresas, sobretudo as de menor dimensão, com o credo na boca. Os primeiros sinais já aí estão, resta-nos esperar e desejar que o pior já tenha passado.
PUB

Premium

Entre 2014 e 2024, a comercialização do leite e do queijo açoriano, no seu conjunto, registou um aumento de valor de 44 por cento, passando de 190,7 milhões de euros em 2014 para os 274,6 milhões de euros registados em 2024