Açoriano Oriental
TAP
Técnicos de Manutenção só aceitam cortes com introdução de medidas de eficiência

O Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (Sitema) disse que só aceita cortes no salário e redução de horários, no âmbito da reestruturação da TAP, caso sejam implementadas medidas de eficiência que permitam ganhos de produtividade.

Técnicos de Manutenção só aceitam cortes com introdução de medidas de eficiência

Autor: Lusa/AO Online

Num comunicado emitido no dia em que a estrutura sindical esteve na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, no parlamento, o Sitema deu conta da proposta que a companhia aérea fez, durante as negociações com os trabalhadores, que diz incluir “medidas de redução correspondentes a uma perda de vencimento para os TMA [técnicos de manutenção de aeronaves] de 43% e não de 25% como a administração da empresa e o Governo têm vindo a anunciar” e acrescentando que já fez chegar uma contraproposta à empresa.

Esta contraproposta, que o sindicato diz atingir os mesmos objetivos, tem “a sua implementação voluntária por parte dos TMA condicionada à participação dos trabalhadores na redefinição de um desenho operacional que contribua para o aumento da rentabilidade e para a redução de gastos desnecessários na operação da TAP”, lê-se na mesma nota.

De acordo com o plano do Sitema, deve ser “implementando na TAP um plano de restruturação profundo que recorra às melhores práticas de mercado em eixos estratégicos prioritários”.

Estas prioridades passam pela “simplificação de procedimentos burocráticos e hierárquicos" e a “redução e otimização dos trabalhos efetuados em ‘outsourcing’, cujo potencial de poupança ronda os quatro milhões de euros”.

O Sitema apela ainda à “redução da rotação de TMA com a consequente obtenção de ganhos de eficiência na melhoria de decisões operacionais que implicam gestão e intervenção em unidades que podem representar, por intervenção, ganhos na ordem de um milhão de euros, bem como um contributo significativo para diminuição do número de voos atrasados, desviados ou cancelados”, e a uma “aposta na comercialização dos serviços de manutenção para outras companhias aéreas, operação altamente rentável para a TAP em Portugal e que em 2020, período pandémico, gerou receitas de clientes externos de, pelo menos, 67 milhões de euros”.

O sindicato defende que estas medidas “em nada prejudicam a companhia e defendem a sua rentabilidade ao longo do tempo, enquanto se distanciam de uma mera redução de custos e se aproximam de um verdadeiro plano de reestruturação”.

Caso estas propostas sejam acolhidas pela TAP, “o Sitema e os trabalhadores que representa estão disponíveis para implementar diversas medidas que incidem diretamente na redução dos encargos com trabalhadores”, incluindo a “limitação do horário de trabalho em um de dois modelo de ‘part-time’”, com “períodos trimestrais, ou seja, três meses de trabalho para três meses de pausa, modelo que origina uma redução de encargos na ordem dos 50% ou redução de carga horária para 6 horas/dia” que gera “uma redução de encargos na ordem dos 20%”, garante a estrutura.

“Os TMA querem, de facto, tornar esta empresa rentável, por isso não estamos disponíveis para patrocinar, seja através da redução de salários dos nossos trabalhadores, seja através dos impostos que, enquanto cidadãos, também pagamos, um mero ‘encolhimento’ da companhia aérea de bandeira de Portugal sem que, concomitantemente, se inicie um efetivo plano de reestruturação da empresa, plano que ainda não conhecemos”, disse Paulo Manso, presidente do Sitema, citado na mesma nota.

“Não deixa de ser sintomático da falta de ambição deste plano de reestruturação que, na proposta que nos foi apresentada, apenas 4% dos ganhos advenham de verdadeiras medidas de reestruturação. Tudo resto é feito à custa de redução das condições dos trabalhadores”, lamenta o dirigente sindical.

O Sitema voltou ainda a avisar que “para a frota existente, antes da alienação de aeronaves e mantendo o rácio de 2001 deveriam existir 3.505 TMA”, mas que, “no entanto, a equipa é constituída por 908 técnicos”.

As estruturas representativas dos trabalhadores da TAP condenaram hoje, no parlamento, o modelo jurídico escolhido para auxílio à empresa, que a coloca sob um "regime draconiano" de Bruxelas quando as congéneres europeias beneficiam do mecanismo de exceção criado devido à pandemia.


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