Açoriano Oriental
Sindicato preocupado com "falta de diálogo" com clínicos do Hospital de Ponta Delgada

A delegação dos Açores do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) manifestou-se "muito preocupada" com o clima "de mal-estar" no Hospital de Ponta Delgada, devido à "falta de diálogo institucional do conselho de administração" com os clínicos.

Sindicato preocupado com "falta de diálogo" com clínicos do Hospital de Ponta Delgada

Autor: Lusa/AO Online

Num comunicado enviado à agência Lusa, o SIM refere que os associados do sindicato manifestaram a “existência de mal-estar dos médicos na relação com o conselho de administração (CA) do HDES”(Hospital do Divino Espírito Santo), particularmente “pela falta de diálogo institucional”.

"Os médicos foram unânimes na denúncia de situações muito graves, relativas quer à forma, quer ao conteúdo da gestão por parte do CA", aponta o sindicato, na sequência de "uma reunião de esclarecimento sindical", numa "fase em que se atravessam grandes dificuldades no HDES".

O SIM alega que o conselho de administração da unidade de saúde colocou "entraves", sob "pretexto da pandemia" de Covid-19, "à realização de reunião sindical de médicos no local de trabalho, no auditório do HDES, tal como está previsto na lei".

"Resolvemos adiar por não se encontrarem reunidas as necessárias condições de igualdade e liberdade e aguardamos que nos sejam enviados os esclarecimentos relativos às regras de utilização do auditório. É também de notar que ainda aguardamos resposta do CA relativa a um pedido de reunião com o SIM endereçado há vários meses e para o qual não recebemos qualquer retorno", vinca o sindicato.

Num encontro realizado entretanto com os associados, o SIM diz que foram elencadas "numerosas preocupações", nomeadamente "um ambiente geral de insatisfação, com uma postura de “quero posso e mando“ e ausência de diálogo do CA com o corpo clínico".

Entre as preocupações dos associados do SIM está, entre outras, "o desconhecimento do plano de atividade ou estratégia de ação do CA para resolver muitos dos graves problemas que o hospital atravessa, pese embora a exigência do CA dos planos de atividades aos diversos serviços".

Os associados do SIM denunciaram ainda existir "um desgaste" devido à "desvalorização do bem-estar e satisfação laboral dos profissionais, acrescentando que o recente problema informático no hospital "veio agravar toda esta situação", criando um "caos diário, colocando em risco a própria segurança dos atos médicos", apontando que "não foram criados mecanismos que permitissem de forma rápida ultrapassar algumas das dificuldades".

Apontam também para uma "depreciação das hierarquias clínicas, nomeadamente das chefias de serviço, exemplificada pela contratação de médicos externos ao HDES, sem consulta ou concordância dos diretores ou responsáveis dos respetivos serviços.

As preocupações dos médicos vão ainda para "a falta de recursos humanos", com "extrema carência de anestesiologistas" no hospital e "dependência atual de especialistas externos, cuja colaboração se reveste de intrínseca imprevisibilidade".

Na resposta, o conselho de administração do Hospital de Ponta Delgada afirma que “não é verdade que exista um “ambiente geral de insatisfação” na instituição com "mais de 2000 trabalhadores", ou “ausência de diálogo do CA com o corpo clínico”.

O conselho de administração garantiu à Lusa que "não recusa, jamais, qualquer pedido de reunião de qualquer entidade", estando disponível "como sempre" para "reunir com uma delegação de qualquer sindicato", nomeadamente do SIM, vincando que "nunca foram colocados entraves" à realização da reunião sindical no hospital.

"Parte do plano deste CA é conhecido, assim como a sua estratégia de ação. Muitos dos graves problemas que o HDES enfrenta são crónicos, e este CA tem o propósito de os resolver, a todos", lê-se também numa nota enviada à Lusa.

O conselho de administração sublinha que a unidade de saúde açoriana segue "a estratégia regional" de "melhorar a quantidade da prestação de serviços aos utentes açorianos no mais curto espaço de tempo".

Contudo, alertam, "o número de médicos especialistas na Região continua a não poder ser resolvido com uma varinha mágica".

"As listas de espera em cirurgia são uma prioridade e têm de ser resolvidas com alguma celeridade", assegura o conselho de administração, que diz estar "a desenvolver uma série de protocolos com entidades nacionais de elevada reputação" para ajudar “na recuperação de Tempos Máximos de Espera Garantidos".

Segundo o Hospital de Ponta Delgada, "os primeiros sinais já se fizeram sentir, com algumas cirurgias de cirurgia plástica, e consultas na área da Oftalmologia e Otorrino".

Na próxima semana, começam cirurgias extra em Otorrinolaringologia, a que se seguirão as de Oftalmologia, através de protocolo já em vigor.

Estas especialidades são de primeira e terceira em importância nas listas de espera cirúrgicas, com mais de 4 mil utentes, o que constitui um valor impossível de resolver apenas organicamente", salienta o hospital.


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